#MulherDeFibra

Maitê Proença

About

Histórias inspiradoras de grandes mulheres.
Novos episódios todas as segundas, quartas e sextas.

Disponível por vídeo no:
YouTube: https://www.youtube.com/canaldamaiteproenca
Instagram: https://www.instagram.com/eumaiteproenca/

Available on

Community

477 episodes

Lili Elbe

Lili Elbe, artista plástica, foi das primeiras pessoas a passar por uma cirurgia de redesignação de gênero (história contada no filme “A Garota Dinamarquesa”). Nascida em 1882 e batizada como Einar Wegener, Elbe viveu a maior parte da sua vida como homem. Enquanto estudava Belas Artes em Copenhague, conheceu Gerda Gottlieb, também pintora, c quem se casou. De acordo com sua autobiografia, « De homem a mulher: a primeira mudança de gênero”, Elbe percebeu sua verdadeira identidade quando sua esposa pediu que ele se vestisse de mulher para posar em uma de suas telas. A partir daí, Einar Wegener e Lili Elbe passaram a coexistir: a transição de gênero ainda não era definitiva, e a artista saía de casa ora como homem (Wegener), ora como mulher (Elbe). No início da década de 1930, Lili Elbe não tinha mais dúvidas sobre sua identidade definitiva, e procurou Magnus Hirschfeld, médico e sexólogo pioneiro no estudo da transexualidade, para efetuar a transição. LE passou por algumas das que são consideradas as primeiras cirurgias de redesignação de gênero, removendo a genitália masculina e passando por uma vaginoplastia. Após a transição, seu casamento com Gerda Gottlieb foi anulado, e LE foi autorizada pelo rei dinamarquês a mudar de nome, recebendo todos seus documentos com o nome social e o sexo feminino registrados. Elbe entrou em um relacionamento com um homem, e quis ter filhos. Um transplante de útero, resultou em sua morte: seu corpo rejeitou o órgão, e LE morreu alguns meses depois. Pouco antes de morrer, Elbe escreveu a um amigo: “Provei que tenho o direito de viver existindo como Lili durante 14 meses. Podem dizer que 14 meses não são muito, mas para mim é uma vida humana completa e feliz”. Após sua morte, em 1931, sua autobiografia sobre a transição de gênero foi publicada. Em 2015, um filme inspirado na vida de Lili Elbe foi lançado: “A Garota Dinamarquesa”, indicado a muitos dos principais prêmios cinematográficos do mundo. #lilielbe #mulherdefibra #transexualidade #transicaodegenero #artesplasticas #agarotadinamarquesa

3m
Mar 22, 2024
Ludovina Pessoa

Ludovina Pessoa foi uma sacerdotisa afro-brasileira. Homenageada pelo enredo da escola de samba campeã do Carnaval de 2024, fundou templos do Candomblé da Nação Jeje na Bahia. Nascida em meados do século XIX no Daomé, atual República do Benin, Ludovina descendia de uma longa tradição de sacerdotisas guerreiras, dedicadas a proteger o culto a Gbèsèn, a serpente sagrada que detinha o poder sobre a terra. Apesar de seu alto status na terra natal, foi trazida como escravizada para o Brasil e, como tantas outras pessoas afetadas pelo tráfico humano, muito de sua biografia se perdeu. Sabe-se, que alguns dos mais importantes templos do candomblé Jeje Mahi da Bahia foram fundados por ela. como o Terreiro do Bogum e a Roça do Ventura, que em 2014 foi reconhecido como patrimônio histórico nacional. Ao Terreiro Bogum está associado o fortalecimento do movimento abolicionista, e o apoio à Revolta dos Malês. Por volta de 1870, Ludovina foi também responsável pela iniciação de mulheres que mais tarde viriam a ser lideranças importantes do candomblé jeje na Bahia; seu poder e influência é reconhecido até hoje, e atingiu um de seus pontos altos com a vitória da Viradouro neste carnaval. O enredo “Arroboboi, Dangbé” homenageia a sagrada serpente da vida de Daomé e as sacerdotisas guerreiras que protegeram seu culto história adentro, dentre elas a grande Ludovina Pessoa! #ludovinapessoa #mulherdefibra #viradouro #candomblé #brasil #africa #daome #benim

2m
Mar 22, 2024
Esther Jones

Esther Jones, conhecida pelo nome artístico Baby Esther, foi a cantora que inspirou a criação da personagem de desenho Betty Boop. Esther Jones nasceu por volta de 1918, em Chicago, em um dos bairros negros da cidade. Começou a trabalhar com entretenimento ainda durante a infância, agenciada pelos seus pais, e aos seis anos já era conhecida por seu carisma. Treinada em canta, dança e acrobacias, a menina fez sucesso em inúmeras casas de shows nos Estados Unidos, Europa e América do Sul durante as décadas de 20 e 30, e se tornou a artista infantil mais bem paga do mundo. Seus fãs incluíam membros de famílias reais europeias, e a menina ainda tinha um público fiel no clássico Moulin Rouge de Paris! Em 1930, a cantora Helen Kane processou o Fleischer Studios por terem criado a personagem Betty Boop com base na sua aparência e maneirismos em cena, especialmente sua voz infantilizada e sua assinatura « boop-oop-a-doop » e outras frases musicais sem sentido. Durante o processo, no entanto, foi provado que o próprio show de Helen Kane não passava de uma imitação do trabalho de Baby Esther, que Kane havia assistido com seu agente. Se alguém tinha popularizado os sons “boop-oop-a-doop », “wha-da-da”, entre outros, era a própria Baby Esther! O processo de Helen Kane contra os criadores de Betty Boop foi encerrado , e atualmente é sabido que a verdadeira inspiração a personagem Betty Boop foi uma menininha negra de Chicago, Esther Jones! Mesmo assim, sua história é pouco reconhecida e ela morreu no esquecimento. #estherjones #mulherdefibra #babyesther #bettyboop #helenkane #chicago #moulinrouge

2m
Mar 22, 2024
Jessi Combs

Jessi Combs foi uma piloto de corrida norte-americana. Foi a mulher mais rápida do mundo e quebrou o recorde feminino de velocidade em terra duas vezes. Vá até o fim pra vc Nascida em 1980, na Dakota do Sul, Jessi Combs estudou em um curso técnico de mecânica de carros e manejo de metais logo após a sair do colégio. Durante essa formação profissional, Combs se destacava como a melhor aluna da turma; tanto é que, logo após sua formatura no curso técnico, Combs e outro aluno foram contratados imediatamente pelo departamento de marketing da própria escola técnica para que construíssem um carro do zero em seis meses. Piloto de corrida desde os anos 2000, Jessi Combs era também uma conhecida personalidade televisiva norte-americana, tendo participado de vários episódios da série “Mythbusters: os caçadores de mitos”, e de diversos outros shows em canais como o Discovery Channel. Em 2013, JC quebrou o recorde feminino de velocidade em terra com quatro rodas ao atingir uma velocidade de 709 km/h. Três anos depois, ela conseguiu quebrar o próprio recorde, atingindo a velocidade máxima de 768 km/h. Em 2019, querendo quebrar mais um recorde, dessa vez em um carro movido a jato, Jessi Combs morreu. Uma falha na roda dianteira do veículo fez com que o carro colapsasse na chocante velocidade de 841 km/h, incendiando em seguida. Esse novo recorde de JC foi postumamente reconhecido pelo Livro de Recordes da Guinness em 2020. #jessicombs #mulherdefibra #pilotodecorrida #velocidade #automobiismo #carros

2m
Mar 21, 2024
Viola

Viola é protagonista da comédia “Noite de Reis”de William Shakespeare. Depois de naufragar perto da desconhecida terra de Ilíria, Viola chega a terra firme sozinha, sem saber se os outros tripulantes estão vivos ou mortos. Sua principal tristeza é ter se perdido de seu irmão gêmeo durante o acidente. Conclui que a melhor maneira de sobreviver sem percalços em uma região desconhecida é se disfarçando de homem. Sob o nome falso “Cesário”, Viola se põe aos serviços do Duque Orsino, um dos homens mais poderosos de Ilíria. O duque logo percebe a vocação poética de Cesário, e o envia para cortejar Olívia, a condessa por quem ele está perdidamente apaixonado. Em uma das tramas mais emaranhadas de Shakespeare, Olívia acaba se apaixonando por Cesário (sem saber que ele é uma mulher!), e Viola, por debaixo dos trajes masculinos, se apaixona pelo duque Orsino, que não pode corresponder seu amor por achar que ela é um homem. É a versão shakespeariana do poema “Quadrilha”, do Drummond! Como em toda comédia, “tudo está bem quando termina bem”, e após diversos enganos e confusões, a peça acaba com um final feliz. Viola, assim como as outras principais heroínas shakespearianas, se destaca dos outros personagens por sua integridade e pela sinceridade dos seus sentimentos. Se “Noite de Reis” é uma peça onde um dos temas é a paixão e sua superficialidade, Viola é a única personagem que ama verdadeiramente. Corajosa e altruísta, sustenta seu disfarce masculino por toda a peça, só se revelando em uma das últimas cenas, quando sua mentira se prova incapaz de prejudicar qualquer outra pessoa. Viola foi representada por várias das melhores atrizes do mundo, tanto no teatro como no cinema. Um dos filmes mais famosos, apesar de não ser uma adaptação direta de “Noite de Reis”, é “Shakespeare Apaixonado”, que tem Gwyneth Paltrow vivendo Viola – ela inclusive ganhou o Oscar de melhor atriz por esse papel!

3m
Mar 21, 2024
Ellen White

Ellen White foi uma líder religiosa norte-americana, co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Nascida em 1827, no Maine, aos nove anos, Ellen foi atingida no rosto por uma pedra. O incidente a deixou inconsciente por três semanas e com o rosto desfigurado. Por muito tempo, ela enfrentou dificuldades de aprendizado e problemas de memória, e teve que interromper seus estudos. Ellen passou a se interessar por religião, e foi batizada em uma Igreja Metodista. Depois, começou a seguir as pregações de profetas adventistas, que acreditavam em um retorno de Jesus Cristo. Em 1844, Ellen teve a primeira de suas mais de 2.000 visões: via Deus em toda a sua glória, e se comunicava com o divino. Ela passou a atrair mais e mais fiéis. Em 1846, Ellen se casou com o Reverendo James White, com quem passou a viajar pelos EU divulgando a fé adventista. Em 1855, os White e um grupo de fiéis estabeleceu uma sede de práticas religiosas em Battle Creek, Michigan, e cinco anos depois adotaram formalmente o nome “Adventistas do Sétimo Dia”. As visões de Ellen White eram a principal força guia da igreja, e muitos de seus ideais de conduta e saúde (especialmente sua abstenção de café, chá e carne) foram incorporadas pelos fiéis. Os adventistas aderiram em peso ao movimento abolicionista antes mesmo da Guerra Civil, e também ao movimento da temperança. Após a morte de seu marido, Ellen White passou três anos na Europa e quase uma década na Austrália, disseminando a fé adventista. White foi tb uma importante divulgadora do vegetarianismo no mundo, tendo adotado a dieta em 1894 e incentivando outros fiéis a fazerem o mesmo. Ellen White faleceu em 1915, aos 87 anos, e foi eleita pela revista científica Smithsonian como um dos “100 americanos mais importantes de todos os tempos”. #ellenwhite #mulherdefibra #igrejaadventistadosetimodia #adventismo #religião #fé #cristianismo #vegetarianismo #estadosunidos #temperança #abolicionismo

3m
Mar 21, 2024
Martha Rocha

Martha Rocha foi a primeira Miss Brasil, e segunda colocada no concurso de Miss Universo. Foi a musa que ajudou a levantar a autoestima nacional em um dos períodos mais turbulentos do século passado. Nascida em 1932, em Salvador, Maria Martha Hacker Rocha cresceu em uma família de 11 irmãos. Em 1954, a jovem baiana dos olhos azuis foi coroada como Miss Brasil na primeira edição oficial deste concurso por aqui, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Martha dizia ter 18 anos à época do concurso, mas tinha 21. Alguns meses depois, no mesmo ano, MR foi aos EU tentar a sorte como Miss Universo. A vitória era tida como certa pelos brasileiros, encantados pela jovem musa. Martha, no entanto, ficou em segundo lugar, perdendo para a americana Miriam Stevenson. Apesar da derrota, Martha continuou sendo tão idolatrada quanto antes pelos brasileiros. Martha Rocha se tornou um ícone nacional na época em que a autoestima brasileira estava abalada pelo suicídio de Getúlio Vargas, e graves derrotas da Seleção Brasileira. Com sua graça, ela se tornou a personalidade favorita do país. Em 1956, Martha Rocha se casou, e teve dois filhos em menos de um ano. Menos de três anos após o casamento, seu marido morreu em um acidente aéreo, e Martha alega ter tido seu patrimônio roubado pelo cunhado. Após a falência, Martha passou ganhar a vida como jurada paga dos concursos de miss que ela própria tanto ajudou a popularizar, e vendendo quadros pintados por ela própria. Em 1961, casou-se novamente e teve mais uma filha. Nos anos 2000, Martha Rocha foi diagnosticada com câncer de mama, e passou a viver uma vida mais reclusa. Em 2020, aos 87 anos, ela faleceu por consequência de uma parada cardiorespiratória. 

2m
Feb 26, 2024
Yeshe Tsogyal

Yeshe Tsogyal é uma das principais figuras femininas do budismo, adorada por inúmeros praticantes. Nasceu no ano de 777, na região do Karchen, no Tibete. Muito de sua biografia é embelezado com detalhes fantásticos que parecem pouco críveis para quem não é adepto da filosofia Conta-se no entanto, que Yeshe Tsogyal teve um nascimento digno de uma Buda: sua mãe não sofreu ao dar à luz e o som de mantras era ouvido no local. Além disso, um lago próximo dobrou de tamanho quando Yeshe Tsogyal nasceu, daío significado de seu nome “a rainha do lago da sabedoria”. Nascida em uma família proeminente da região, Yeshe Tsogyal era uma princesa muito cobiçada por homens poderosos do Tibete – inclusive o próprio imperador. Afeita às práticas religiosas desde a infância, a princesa nunca quis se casar. Aos 16 anos, ela foi forçada a se casar com o imperador tibetano Tri Songdetsen. Pouco tempo depois do casamento, o grande mestre budista Padmasambhāva chegou da Índia para espalhar o conhecimento budista no Tibete. Como sinal de sua devoção, o imperador ofereceu sua esposa, Yeshe Tsogyal, para o guru. Padmasambhāva aceitou Yeshe Tsogyal como sua consorte e principal aluna. Sob a orientação do guru, Yeshe Tsogyal passou a maior parte de sua vida em retiro, completamente isolada para cultivar a estabilidade meditativa mesmo nas condições mais adversas – desabrigada na neve, por exemplo. Após anos de prática incessante, Yeshe Tsogyal se tornou uma mestre espiritual do mesmo nível de Padmasambhāva ( uma espécie de vice-Buda). Sua disciplina e conduta são consideradas exemplos para todos os praticantes budistas até hoje, e inúmeros milagres são atribuídos a ela. Para os tibetanos e para praticantes budistas de outras nacionalidades, Yeshe Tsogyal é um ser atemporal, continua ativa e eternamente presente, atenta às preces de seus devotos. 

3m
Feb 26, 2024
Dona Flor

Dona Flor a heroína de uma obra-prima de Jorge Amado. Fez sucesso não só na literatura, mas também no cinema, teatro e telenovelas. Florípides Guimarães era uma menina simples, criada para salvar a família da pobreza através de um bom casamento – mas que, antes disso, já precisava contribuir com a renda da casa após sua mãe enviuvar. Professora de culinária na escola “Sabor e Arte” e cozinheira de mão cheia, Dona Flor leva a mãe à loucura ao fugir de casa para se casar com um cafajeste alcoólatra, mulherengo e viciado em jogos de azar – que, além de não sustentá-la roubava seu dinheiro! Apesar de tudo, nunca faltou paixão e volúpia no primeiro casamento de Dona Flor, que durou sete anos, até a morte de Vadinho. Já seu segundo casamento,esse sim, foi com um homem direto, respeitoso e que a idolatrava – mas a quem faltava fogo. Graças à magia da Bahia e à força dos orixás, Dona Flor consegue recuperar Vadinho do mundo dos mortos, e passa a viver feliz e completa com seus dois maridos: inteira, sem abrir mão nem da ternura de um nem da sensualidade perigosa do outro. Tudo isso, é claro, com muito cuidado para não sacrificar sua honra de mulher casada, correta, só se dando para homens com quem casou no cartório e na igreja. “Dona Flor e Seus Dois Maridos” é o suprassumo da literatura nacional, um retrato delicioso de uma Salvador nostálgica e mística, “uma história moral e de amor”, como diz Jorge Amado no subtítulo do próprio livro. O livro começa, aliás, justamente com uma grande folia de carnaval! Caso a leitura não seja sua praia, o filme de Bruno Barreto, estrelado por Sônia Braga e José Wilker é tb um primor. 

2m
Feb 26, 2024
Noella Coursaris

Noella Coursaris é uma modelo congolesa, idealizadora de projetos sociais de auxílio a meninas pobres em seu país. Nascida na República do Congo em 25 de dezembro, foi separada de sua família com cinco anos de idade. A morte repentina de seu pai fez com que a mãe de Noelle não tivesse mais dinheiro para criá-la. Para que Noelle pudesse crescer com dignidade, sua mãe a entregou a parentes que viviam na Europa. Durante 13 anos, Noelle se comunicou por cartas com sua família, sem conseguir reencontrá-los. Para ela, o Natal era a data mais triste. Determinada a agir para que nenhuma outra família jamais fosse separada por questões econômicas, Noella usou dos conhecimentos que adquiriu na faculdade de Administração, e do privilégio financeiro conquistado com seu trabalho como modelo para grandes marcas e revistas, para fazer um mundo melhor. Em 2007, ela fundou a Malaika, uma ONG que dá oportunidades a jovens congolesas, oferecendo acesso gratuito a educação e saúde de qualidade. A ONG impacta positivamente a vida de milhares de pessoas: são mais de 400 alunas estudando em tempo integral, além de 5000 pessoas contempladas com bolsas de estudos e treino esportivo; além disso, mais de 30.000 pessoas recebem água potável através da Malaika, que também oferece refeições diárias a seus alunos. Se depender de Noella Coursaris, nenhuma menina jamais passará o Natal sozinha! 

2m
Feb 26, 2024
Rosa Egipcíaca

Rosa Egipcíaca foi a primeira mulher negra a publicar um livro no Brasil. Religiosa, africana, libertou-se da escravidão e foi considerada uma santa antes de ser aprisionda pela Inquisição. Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz nasceu em 1719, em Ajudá, atual Benim, na África. Com seis anos, foi sequestrada por traficantes de escravos e trazida para o RJ, onde foi vendida. Era ainda uma menina quando seu senhor a “desonestou” (estuprou), e aos 14 anos foi vendida novamente e enviada para Minas Gerais. Durante mais de 15 anos, R.E. foi obrigada a se prostituir, até contrair uma doença misteriosa que inchava todo seu corpo. Passou a ter visões místicas; abandonou o meretrício e doou para os mais pobres todas as poucas riquezas que tinha acumulado nesses anos de serviço. Suas visões, cada vez mais frequentes e intensas, trouxeram problemas permanentes: acusada de feiticeira, R. E. foi tão açoitada até ficar com o lado direito de seu corpo permanentemente paralisado. Fugiu de Minas para o RJ, onde foi acolhida pelos franciscanos, que admiravam a intensidade de sua fé e disciplina: seus prolongados jejuns, a autoflagelação, o empenho em aprender e ler e escrever. Em 1751, R. fundou Recolhimento do Parto, um local destinado a receber ex-prostitutas, e passou a atrair mais e mais fiéis em seus rituais que misturavam o catolicismo com tradições religiosas africanas. Em 1763, após desentendimentos com o clero, R.E. é denunciada e passa a ser considerada uma herege pela Igreja Católica. Aprisionada pela Santa Inquisição e levada a Portugal para julgamento, Rosa jamais renegou ou desmentiu suas visões e experiências místicas. Autora de a “Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas”, R.E. é a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil. Das suas mais de 250 páginas, poucas sobreviveram: o livro foi queimado por ser considerado heresia. R.E., a santa africana, morreu em 1771, ainda sob o domínio dos inquisidores. Em 2023, a Unidos da Viradouro usou sua trajetória como inspiração para o enredo do carnaval da escola.

3m
Feb 26, 2024
Narges Mohammadi

Narges Mohammadi é uma defensora dos direitos humanos iraniana premiada com o Nobel da Paz. Nascida em 1972, viveu sua infância durante a Revolução Iraniana, iniciada em 1979. A execução de um tio e um primo marcaram sua juventude, mas foi durante seus anos universitarios que Mohammadi passou a refletir com mais seriedade sobre o tratamento dado a prisioneiros políticos no país. Durante sua graduação em Física, fundou um grupo de debate político para os estudantes, se envolveu fortemente com o ativismo social. Nesta época, conheceu seu marido, com quem teve um casal de filhos gêmeos. Formada e trabalhando como engenheira, N.M. escrevia artigos sobre os direitos humanos e das mulheres para jornais reformistas. Em 2003, se juntou ao Centro de Defensores dos Direitos Humanos, liderado por Shirin Ebadi (#mulherdefibra https://www.instagram.com/explore/tags/mulherdefibra/). Depois, Mohammadi viraria vice-presidente da organização. Ela e Ebadi são as únicas mulheres iranianas a conquistarem um Nobel. Além da luta pelos direitos das mulheres em um país notoriamente conservador, uma de suas principais causas é a defesa dos direitos humanos dos presos políticos do Irã. A ativista já foi presa treze vezes, e atualmente cumpre uma pena de dez anos. Todas suas condenações são relacionadas ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos. Somando todos seus processos, ela foi sentenciada a um total de 31 anos de prisão e a 154 chicotadas. Mesmo presa, e pondo a vida em risco, a ativista não para de trabalhar: durante os protestos que tomaram o Irã após a morte da jovem Mahsa Amini (#mulherdefibra https://www.instagram.com/explore/tags/mulherdefibra/), Mohammadi conseguiu entrar em contato com a BBC para denunciar o abuso físico e sexual que estava sendo imposto às detentas. Em outubro de 2023, Narges Mohammadi foi premiada o Nobel da Paz “pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”; ela celebrou essa conquista dentro de sua cela.

3m
Feb 26, 2024
Jina Mahsa Amini

Jina Mahsa Amini foi uma jovem curda, assassinada pela polícia moral iraniana por não usar o traje determinado pelo islã. Sua morte provocou a maior onda de protestos das últimas décadas no Irã. Milhares de mulheres tomaram às ruas para queimar seus véus. Jina Mahsa Amini nasceu em 1999, em uma família curda. “Mahsa” era seu nome persa, usado somente para facilitar a retirada de documentos, já que às vezes nomes curdos não são aceitos; todos a chamavam de Jina. Aos 22 anos, Jina Amini vivia uma vida tão normal quanto possível para uma jovem mulher em um país ultraconservador, e estava prestes a começar a estudar Biologia na universidade. Em 13 de setembro de 2022, no entanto, Jina e duas primas suas foram detidas pela polícia da moralidade iraniana em uma estação de metrô, por estarem usando um “traje não islâmico”. Jina foi a única a ser levada para a prisão, supostamente por ter resistido às ordens dos policiais, e suas primas seguiram a viatura. Duas horas depois, algumas jovens saíram da delegacia gritando “Eles a mataram!”. Antes de morrer, Amini passou dois dias em coma, entubada no hospital. Os exames comprovam que a causa de sua morte foi uma hemorragia cerebral, causada pelas agressões que sofreu na cabeça após ser presa. As autoridades iranianas negaram as acusações. Desde o assassinato de Jina Mahsa Amini, uma onda de protestos tomou as ruas do Irã. Milhares de mulheres foram às ruas, e queimaram seus véus e cortaram os cabelos em público. A repressão, no entanto, foi e segue sendo severa: até agora, mais de 500 pessoas foram assassinadas pelas forças policiais que tentam conter os manifestantes, e a liberdade de imprensa foi cerceada, assim como o acesso à internet. Dezenas de jornalistas que divulgaram o caso seguem presos, alguns podendo ser condenados à prisão perpétua. Os protestos e a repressão, infelizmente, ainda parecem longe de acabar.

3m
Dec 07, 2023
Ella Adelia Fletcher

Ella Adelia Fletcher foi uma escritora, pensadora e pioneira dos exercícios de respiração e bem-estar no ocidente. Seu livro “The Philosophy of Rest”, (ou “A Filosofia do Descanso”) foi publicado no já acelerado mundo da virada do século XIX para o século XX. Na obra, Ella defende a importância de estar em meio à natureza e de não fazer nada, e atribui a essa pausa um aumento significativo na sua produtividade. Pode-se dizer que ela foi a pioneira do conceito do “ócio criativo”, cunhado pelo sociólogo Domenico De Masi quase cem anos depois da publicação do livro de Fletcher, e do ainda mais recente conceito de “savoring”, este, da psicologia. Outra obra de Ella é um guia de beleza chamado “A Mulher Bonita”, com mais de 500 páginas com conselhos sobre cosméticos, exercícios e outros rituais de beleza. Longe de ser fútil, esse livro exalta um padrão de beleza absolutamente contrário ao imposto no início do século passado, negligenciando o sedentarismo, a palidez e a magreza que estavam na moda na época. Para Ella, a beleza não podia andar separado de hábitos saudáveis! Ella Fletcher já dividia com suas leitoras recomendações de exercícios de respiração. Em 1908, porém, publica um livro inteiro sobre o assunto: “The Law of the Rhythmic Breath”, (ou “A Lei da Respiração Rítmica”). Publicado muitas décadas antes da popularização da Yoga no Ocidente, Fletcher já apresentava ali conceitos centrais da Yoga, com ênfase na respiração. Ella descreve como é possível entrar em harmonia e se sintonizar com os ritmos da natureza e do cosmos através do ritmo da respiração, e ressaltando o quanto nosso vigor e longevidade dependem da maneira como respiramos.

2m
Dec 07, 2023
Madalena Schwartz

Madalena Schwartz foi uma fotógrafa brasileira de origem húngara, conhecida por retratar travestis e transformistas no auge da repressão da ditadura. Inicious sua carreira depois dos 40 e se tornou “a grande dama do retrato” no Brasil. Madalena Schwartz nasceu em 1923, em Budapeste. Quando tinha 12 anos, se mudou com sua família para a América do Sul, fugindo do nazismo. Os Schwartz se estabeleceram primeiro em Buenos Aires, e foi só na década de 1960 que Madalena se mudou em São Paulo, onde viveria o resto da vida. Residente do Edifício Copan, Madalena administrava uma lavanderia e viveu uma vida “comum” por 45 anos. Mas um dia, seu filho ganhou uma câmera fotográfica em um concurso, e não deu muita atenção ao prêmio. Madalena se encantou pela máquina, e passou a estudar fotografia. Como morava no centro de São Paulo, Madalena via uma realidade extraordinária em sua própria vizinhança: a vida das travestis e transformistas durante os anos mais repressivos da ditadura. A subversão e a vida noturna “underground” paulista foram os principais temas de seu trabalho, mas logo Schwartz ganhou proeminência no mundo artístico e tirou retratos também de Carlos Drummond de Andrade, Chico Buarque, Clarice Lispector, Elke Maravilha, Jorge Amado, Ney Matogrosso e outras figuras ilustres da cultura brasileira. Sua própria casa virou um estúdio de fotografia improvisado, e nele Madalena Schwartz clicou diversas das mais espetaculares obras fotográficas do Brasil. Seu acervo com mais de 16 mil negativos pertence hoje ao Instituto Moreira Salles, que fez uma exposição em homenagem à artista em 2021. Madalena Schwartz faleceu em 1993, e é uma referência artística inegável.

2m
Dec 07, 2023
Jezebel

Jezebel foi rainha consorte do reino de Israel. Por interferir com o culto monoteísta do deus hebreu, por ter se aliado a cidadãos comuns e insultado os profetas, ela deu origem a um longo conflito em Israel, e seu nome é lembrado até hoje como um sinônimo para “megera”. Jezebel foi uma princesa fenícia, filha de um rei–padre que comandava toda a costa do território onde hoje fica o Líbano. O historiador Josefo, e outras fontes clássicas, sugerem que ela era sobrinha-neta da lendária rainha Dido (#mulherdefibra https://www.instagram.com/explore/tags/mulherdefibra/). Quando Jezebel se casou com Acabe, rei de Samaria, ela o incentivou a introduzir o culto ao deus pagão Baal ao reino, interferindo com as práticas monoteístas do povo hebreu, e causando horror por seus rituais sangrentos, que incluíam o sacrifício de crianças. Isso provocou a revolta dos devotos de Yahweh (Javé); muitos dos praticantes e dos profetas inimigos de Jezebel foram assassinados pela rainha consorte. Por se opor a ela, o profeta Elias precisou fugir de Israel a fim de conservar a própria vida. Quando, enfim, o comandante Jeú se rebelou contra a família real pagã, Jezebel foi defenestrada (jogada pela janela) e teve seu corpo comido por cães – tal morte já tinha sido profetizada por Elias, como punição por seus pecados. Sua história foi eternizada no Livro de Reis do Antigo Testamento. 

2m
Dec 07, 2023
Isabel de Olvera

Isabel de Olvera foi uma aventureira mexicana, que participou das expedições de colonização da Nova Espanha, nos Estados Unidos, durante o século XVII. Isabel de Olvera nasceu no final do século XVI, em Querétaro, no México. Filha de pai africano e mãe indígena, ela era uma mulher livre quando decidiu partir em expedição rumo ao território que hoje se estende pelos estados do Arizona, Flórida e Novo México. Uma mulher miscigenada, com a pele negra, poderia encontrar sérios problemas em viagem como essa, naquela época. Para garantir que estaria segura durante a expedição, Isabel solicitou que as autoridades locais emitissem um documento comprovando sua liberdade, “livre tanto de casamento como da escravidão”. O final da sua petição dizia: “solicito um documento que proteja meus direitos. Eu exijo Justiça”. Após um processo jurídico de 8 meses, Olvera teve sua liberdade legalmente comprovada, e partiu em sua jornada de mais de 2 mil quilômetros através de rios, desertos e montanhas, rumo à Nova Espanha. Nada se sabe sobre a vida de Isabel de Olvera após a partida da expedição, mas sabemos que ela chegou lá, e isso confronta a narrativa de que os negros só chegaram na América do Norte à força, escravizados. Sua vida é também um registro de uma das primeiras mulheres negras lutando por seus direitos no Novo Mundo.

2m
Nov 08, 2023
Albertina Berkenbrock

Albertina Berkenbrock foi assassinada após uma tentativa de estupro, e depois, foi beatificada por ter defendido sua castidade. Albertina Berkenbrock nasceu em 1919, em Imaruí, Santa Catarina. Filha de uma família simples de agricultores, Albertina tinha oito irmãos. Desde muito cedo, o cristianismo foi a principal inspiração da vida da menina. Albertina frequentava a missa e se confessava assiduamente, e era fervorosa em suas orações e práticas espirituais. Todos os que a conheceram a descreviam como profundamente virtuosa e bondosa, destacando-se por seu comportamento entre as demais crianças de sua idade, tanto na escola como na igreja. Em 1931, Albertina Berkenbrock, de apenas 12 anos, foi vítima de uma tentativa de estupro por um dos funcionários de seu pai. Ao resistir ao assédio, ela acabou sendo morta por degola. Sua castidade foi preservada, e por ter derramado o próprio sangue em nome de um valor do Evangelho, Berkenbrock passou a ser considerada uma mártir. Fiéis fazem peregrinações ao seu túmulo, e pedem graças à jovem. Em 2007, Albertina Berkenbrock foi beatificada pelo Papa Bento XVI. Desde sua morte, diversos milagres foram atribuídos à beata e, se estes forem comprovados, ela pode se tornar a primeira nascida no estado de Santa Catarina. 

2m
Oct 30, 2023
Vivian Silver

Vivian Silver é uma é uma das desaparecidas da atual guerra entre Palestina e Israel. Ela é uma ativista canadense-israelense, defensora dos direitos humanos e militante pela paz entre as duas nações. Nascida no Canadá em 1948, Vivian Silver foi à Israel pela primeira vez em 1968, no seu primeiro ano de faculdade. Ela concluiu sua graduação em psicologia na Universidade de Jerusalém e, em seu último ano de estudos, fundou a Aliança Estudantil Sionista em seu campus. Em 1974, Vivian Silver fez aliá (= migrou para Israel), e virou secretária do kibbutz do qual era membro. No início de sua trajetória como ativista social, Vivian Silver defendia a igualdade de gênero e os direitos das mulheres israelitas, chegando a fundar organizações focadas nessas pautas na década de 80. Ao se mudar para um kibbutz próximo à Gaza em 1990, Silver passou a se dedicar a auxiliar o povo palestino que lá vivia, defendendo a justiça salarial para os trabalhadores de Gaza e oferecendo treinamento profissional para quem precisava, além de oferecer transporte para quem precisasse sair da Faixa para receber atendimento médico em Jerusalém. Em ‘98, passou a trabalhar em um instituto de estratégias para a paz e desenvolvimento da região, e fundou outros grupos que visavam alianças entre as duas nações. Em 2010, Silver recebeu o Prêmio Victor Goldberg pela Paz no Oriente Médio, distribuído anualmente para organizações árabes e israelenses que trabalham pela paz. Incansável, em 4 de outubro de 2023, ela organizou uma marcha pela paz em Jerusalém, que reuniu mais de 1500 mulheres israelenses e palestinas. Poucos dias depois, em 7 de outubro, Vivian Silver fez seu último contato com sua família, avisando que tinham terroristas do Hamas do lado de fora de sua casa. Desde então, ela não se comunicou com mais ninguém, e é dada como desaparecida. Seus familiares acreditam que ela tenha sido sequestrada, e estão apelando para que Israel negocie urgentemente sua liberação. 

3m
Oct 23, 2023
Hind al-Husseini

Hind al-Husseini foi uma heroína palestina que começou por salvar 55 crianças abandonadas após um confronto entre palestinos e israelenses. Ela acolheu as vítimas em sua casa, que depois viraria um orfanato e uma escola para crianças palestinas. Defensora também dos direitos das mulheres, fundou uma faculdade feminina em Jerusalém. Hind al-Husseini nasceu em 1916, em uma das famílias mais poderosas de Jerusalém. Trabalhava com organizações solidárias e era educadora de formação. Atuou como diretora de uma escola feminina e coordenadora da Arab Women’s Union. Em 1948, após o massacre de Deir Yassin, al-Husseini resgatou 55 crianças abandonadas próximas à Basílica do Santo Sepulcro. Suas famílias tinham recém sido assassinadas pelo grupo paramilitar sionista Irgun, e suas casas estavam destruídas. Hind al-Husseini resgatou todas as crianças desamparadas, e acolheu as crianças na mansão de sua família. A mansão foi rebatizada de Dar al-Tifl al-Arabi (Casa da Criança Árabe), e foi transformada em um orfanato para as crianças sobreviventes dos conflitos entre Palestina e Israel. Com fundos arrecadados por al-Husseini, o orfanato cresceu e passou a educar as crianças que lá viviam; meninas judias que não eram aceitas em outras escolas, e crianças de outras regiões, também eram bem-vindas. Em 1967, a escola se tornou exclusivamente feminina. Em 1982, Hind al-Husseini fundou uma faculdade para mulheres. Premiada diversas vezes por seu trabalho social, Hind al-Husseini é lembrada até hoje como uma heroína palestina. Quando ela morreu, em 1994, sua escola abrigava e educava mais de 300 órfãs. A instituição segue funcionando até hoje, com milhares de alunas.

3m
Oct 23, 2023
Bethany Hamilton

Bethany Hamilton é uma surfista e escritora norte-americana que sobreviveu ao ataque de um tubarão em 2003. A mordida arrancou seu braço esquerdo, mas isso não a impediu de surfar. Bethany Hamilton nasceu em 1990, no Havaí, e aprendeu a surfar com três anos de idade. Aos oito, começou a competir, e aos dez já era uma atleta patrocinada. Bethany tinha 13 anos quando surfava em Kauai, uma das principais ilhas havaianas, com a família de uma amiga. Nadando de barriga para baixo na prancha, Bethany teve seu braço arrancado pela mordida de um tubarão-tigre de mais de 4 metros. Em vez de se desesperar, conseguiu nadar até o seu grupo e sinalizar o perigo. O pai de sua amiga improvisou um torniquete com uma roupa de surfe no braço arrancado, e a levou para o hospital mais próximo. Quando Bethany chegou lá, já havia perdido 60% do sangue do corpo e estava em choque hipovolêmico. Por coincidência, o pai de Bethany já estava no hospital quando a filha chegou: tinha uma cirurgia no joelho marcada para aquela exata manhã, e Bethany usou a sala e o médico destinados à cirurgia do pai para ser operada. Determinada B.H. voltou a surfar um mês depois do acidente. Com o braço amputado na altura do ombro, a atleta passou a utilizar uma prancha personalizada para facilitar a remada até ganhar mais força no braço direito. Pouco tempo depois, ela voltou a competir com pranchas normais. A roupa e a prancha que Bethany Hamilton usava no dia do ataque, com as marcas da mordida, estão expostas no Museu do Surfe da Califórnia. Bethany Hamilton se tornou coach, e escreveu nove livros sobre fé, cura, saúde e estilo de vida. Uma de suas obras autobiográficas, “Soul Surfer”, serviu de inspiração para um filme de mesmo nome, lançado em 2011. Ela é mãe de quatro filhos, e preside sua própria fundação de caridade, que divulga histórias de superação, e trabalha para aumentar a autoestima de mulheres amputadas.

2m
Oct 16, 2023
Maria José de Castro Rebello Mendes

Maria José de Castro Rebello Mendes foi a primeira diplomata do Brasil. Apesar das críticas dos conservadores que tentaram impedir seu ingresso no Itamaraty, sua trajetória foi longa e próspera, e segue inspirando mulheres até hoje. Nascida em 1891, em Salvador, Maria José concluiu sua formação escolar já sendo fluente em inglês, francês, alemão e italiano. Após a morte de seu pai, a família de Maria José enfrentou dificuldades financeiras, e ela foi morar com parentes no RJ. Ao ficar sabendo do concurso para o Itamaraty, e com grande facilidade para línguas estrangeiras, dedicou-se às outras matérias, e aprendeu sozinha os conceitos básicos do Direito. A inscrição de Maria José foi recusado pelo Ministério das Relações Exteriores pelo fato da candidata ser mulher. A jovem estudante não se deixou abater e procurou a ajuda do jurista Ruy Barbosa, que provou que a recusa do Ministério à inscrição de Maria era inconstitucional. Todo o caso foi amplamente discutido pela mídia e pela população. Quando Maria José passou em primeiro lugar no processo seletivo, ingressando no corpo diplomático do Ministério das Relações Exteriores, a polêmica foi maior ainda. Jornais conservadores publicaram artigos contra a contratação de Maria como diplomata, temendo a “masculinização do belo sexo”, e as mudanças na “autoridade do lar”. Maria José de Castro Rebello Mendes cumpriu 12 anos de serviço diplomático, durante os quais o primeiro banheiro feminino teve que ser construído na sede do Itamaraty. Em 1936, a primeira diplomata da história do Brasil morreu, com apenas 45 anos de idade.

2m
Oct 16, 2023
Marózia

Marózia foi uma ultra poderosa nobre romana, detentora de títulos antes inexistentes como de “senadora” (‘senatrix’) e “patrícia”. Fundamental para o assassinato de um papa e eleição de pelo menos quatro outros pontífices: um deles era seu filho, outro era seu amante. M. nasceu em Roma, por volta do ano de 890. Ela era filha do cônsul romano Teofilato I com uma mulher chamada Theodora, descrita como “uma prostituta despudorada, que exercia poder sobre os cidadãos romanos como se fosse um homem”. Aos 15 anos M. virou amante do primo de seu pai: um bispo, que sob sua influência acabaria sendo eleito Papa Sérgio III. A união gerou um filho, o futuro Papa João XI. Marózia precisou se livrar de um de seus maiores obstáculos: o então Papa João X. Para isso, se casou com o principal inimigo do papa, Guido da Toscânia. No ano de 928, Guido e Marózia invadiram Roma e tomaram o poder em um golpe de estado, e prenderam o Papa João X; ele morreria na clausura. M. tornou-se uma das pessoas mais poderosas de Roma, e os dois papas eleitos a partir desses acontecimentos (Leão VI e Estevão VII) eram completamente submissos a ela. Em 931, ela fez com que seu filho de apenas 21 anos fosse eleito papa, sob o título de João XI. No entanto foi seu outro filho, Alberico II, por sua ruína: líder da oposição contra o domínio da mãe, em 932, Alberico capturou M. e a prendeu pelo resto da vida. A data provável de sua morte é 26 de junho de 936, mas há controvérsias. Seja como for, mesmo depois de morta, M. continuou a exercer forte influência na Igreja: cinco papas (João XX, Benedito VIII, João XIX, Benedito IX, e Benedito X) são seus descendentes. A influência de Marózia é fundamental para o período histórico conhecido como Governo de Meretrizes (“Rule of the Harlots”), Pornocracia, ou “Saeculum Obscurum” (século das trevas), considerado como o ponto “mais baixo do papado” pela maioria dos estudiosos

3m
Oct 16, 2023
Mapulu Kamayurá

Mapulu Kamayurá é uma pajé brasileira, líder do Parque Indígena do Xingu. É importante defensora dos direitos das mulheres indígenas, e renomada curandeira. Ela nasceu em 1969, em Ipavu, região do Alto Xingu. Filha do pajé Tukumã, Mapulu teve seu destino traçado quando tinha apenas 15 anos: um espírito determinou que ela deveria ser pajé, e ela contraiu uma doença que só se curaria sob a condição que ela recebesse treinamento para a função. Seu pai e outros xamãs da tribo tentaram curá-la de todas as outras maneiras, sem sucesso. Para se curar, passou sete anos sendo treinada por seu pai, até ela própria virar pajé. Exímia parteira e curandeira, Mapulu também é responsável pela formação de novos pajés (homens ou mulheres). Atualmente, só no grupo Kamayurá já há sete mulheres pajés, inclusive uma das filhas de Mapulu. Em 2018, a pajé foi premiada pelo Ministério dos Direitos Humanos por ter seu trabalho pela saúde dos povos indígenas. Especialmente atenta à saúde das mulheres, Mapulu é conhecida por avaliar quais partos podem ser realizados por ela ou outras parteiras, e quais podem precisar de auxílio médico não-indígena. 

1m
Oct 02, 2023
Bidú Sayão

Bidú Sayão foi a maior estrela da ópera no Brasil. Nascida no subúrbio carioca em 1902, Balduína de Oliveira Sayão não era “predestinada” ao canto: “Eu não tinha voz alguma quando comecei. Os professores me disseram que eu era muito nova ainda, que minha família ia gastar dinheiro à toa. Mas eu insisti, chorei muito, garanti que não me importava com bailes, namorados, festas. E comecei a cantar”. Com disciplina e o incentivo de sua professora de canto, que a levou para a Europa para estudar música, B.S. fez sua estreia nos palcos de Roma. O sucesso de seu début, em “O Barbeiro de Sevilha”, lhe abriu portas para cantar nos principais teatros europeus. Aos 24 anos Bidu já era um fenômeno da música. Em 1935, arrebatou os EU com sua estreia no Carnegie Hall. Nova Iorque viraria seu lar, ao ser contratada pela Metropolitan Opera House, de onde foi a estrela por mais de 15 anos. Apesar de todo seu sucesso internacional, era brasileiríssima. Depois de cantar para Franklin e Eleanor Roosevelt (#mulherdefibra https://www.instagram.com/explore/tags/mulherdefibra/) na Casa Branca, o então presidente chegou a lhe oferecer uma cidadania estadunidense. Bidu recusou, “No Brasil eu nasci e no Brasil morrerei”, justificou. Sayão contribuiu grandemente para a música brasileira com sua parceria com o maestro Heitor Villa-Lobos. Em 1995, B.S. foi a grande homenageada no desfile de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis; aos 92 anos, a grande diva percorreu o sambódromo, recebendo uma homenagem à altura de sua realeza. Seu desejo de morrer no Brasil não se realizou: ela morreu, nos EU, aos 96 anos, vítima de uma pneumonia em 1999

3m
Oct 02, 2023
Bahia Bakari

Bahia Bakari foi a única sobrevivente de uma queda de avião que vitimou os outros 152 passageiros. Sem saber nadar e sem colete salva-vidas. Nasceu em 1996, na comuna de Évry, na França, a mais velha de quatro irmãos, filha de um zelador e uma dona de casa. Em 2009, aos 12 anos, sua mãe decidiu levá-la a Comores para conhecer alguns membros da família que ficaram lá. O voo partiu de Paris, fez uma escala em Marselha e seguiu para o Iêmen, a partir de onde mãe e filha embarcaram no voo Yemenia 626 para chegar até Comores. A poucos minutos da aterrissagem, a aeronave passou a perder altitude subitamente, até se chocar contra o oceano. O avião se despedaçou no impacto, e Bahia Bakari foi arremessada de sua poltrona. Acordou enquanto se afogava no mar revolto, perdida no oceano entre os destroços. Bakari conta que, na noite em que ficou à deriva, conseguia ouvir os lamentos de outros sobreviventes, mas que os sons foram diminuindo com o passar do tempo. Sem saber nadar e sem colete salva-vidas, Bahia Bakari se agarrou a um pedaço de fuselagem que boiava; quando amanheceu, percebeu que estava sozinha no meio do mar, flutuando há horas sem água nem comida. Como o governo de Comores não tem embarcações próprias, barcos privados de civis fizeram-se ao mar para procurar sobreviventes; foi uma dessas embarcações que, mais de nove horas após o acidente, a encontrou. A garota foi levada a um hospital local e, no dia seguinte, voou até a França para reencontrar sua família; foi só então que ela descobriu que todos os outros 152 passageiros do voo, inclusive sua mãe, tinham morrido. Bahia Bakari passou três semanas internada para se recuperar dos ferimentos do acidente. Bakari foi apelidada pela imprensa de “a menina milagrosa”, e em 2010 publicou um livro sobre sua experiência, escrito com o auxílio de um jornalista, intitulado “Moi Bahia, la miraculée” (“Eu Bahia, a milagrosa”). Steven Spielberg teria tentado comprar os direitos do livro para produzir um filme sobre Bahia Bakari, mas a menina teria recusado.

3m
Oct 02, 2023
Dorothea Erxleben

Dorothea Erxleben foi a primeira mulher a conquistar um diploma em Medicina na Alemanha. Por 150 anos, nenhuma outra médica surgiria no país. Nascida em 1715, em Quedlinburg, Dorothea Erxleben era filha de um médico progressista que acreditava que “talentos de mulheres brilhantes estavam sendo desperdiçados na cozinha”. O pai a educou da mesma forma que os filhos homens, com tutores em Latim, matemática e ciências. Para que Dorothea pudesse frequentar uma universidade, seu pai precisou conseguir uma autorização especial do rei Frederico II. Em 1741, D.E. foi autorizada a ingressar na Universidade de Halle, provocando tanto admiração quanto críticas. Apesar de não ter embates públicos com seus detratores, em 1742 D. publicou um livro defendendo a educação feminina, apelando para que a Alemanha deixasse de desperdiçar os talentos de metade de sua população. Alem de cursar a universidade, Dorothea era também uma dona de casa que cuidava de quatro filhos. Em 1747, seu pai já estava morto e a saúde de seu marido ficou fragilizada, endividando a família; para contribuir com as despesas da casa, Erxleben passou a exercer a Medicina, sem ainda ter conquistado seu diploma. Seus detratores a processaram por charlatanismo por exercer sem uma licença; o caso foi levado ao Rei Frederico II, que determinou que D.E. apresentasse uma dissertação na Universidade de Halle, e fosse examinada por uma banca. Em 1754, ela se tornou a primeira mulher alemã com um diploma em Medicina, e passou o resto de sua vida exercendo a profissão. Só 150 anos depois outra mulher voltaria a se diplomar nessa função, quando, no começo do Século XX, mulheres passaram a ser admitidas em faculdades de medicina na Alemanha. 

3m
Oct 02, 2023