A maior chacina da história do Rio de Janeiro foi em 2005, na Baixada Fluminense. A segunda maior aconteceu no início deste mês, dia 06, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Até o momento, registra 28 mortos.
A polícia alega que 25 dentre estes mortos teriam antecedentes criminais, o que é um dado irrelevante, visto que ignora o direito a defesa e julgamento de tais pessoas. Ou seja, tais chacinas tornam-se execuções ilegais, extrajudiciais. E somam-se a várias outras: segundo a Human Rights Watch, nos primeiros quatro meses de 2020, ações da polícia do Rio deixaram 606 mortos.
Essa semana, no programa do Boca Jornalismo na Rádio Armazém, Letícia Klusener e Paula Appolinario entrevistam Ilana Paiva, doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professora na mesma instituição e coordenadora do Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV/UFRN).
Por que o jovem negro e pobre é antecipadamente tido como suspeito? Por que é a ele negada a defesa? Por que residir na periferia é estar sujeito a abordagem violenta da polícia, estar preso no fogo cruzado entre a violência policial e a violência na comunidade? Fomentadas por uma confusão entre justiça e vingança e uma agenda de ódio público, as operações da polícia militar são ao mesmo tempo megalomaníacas e ineficazes. Jogam determinados territórios e populações em direção à violência.
O ano de 2020 foi marcado por manifestações no mundo todo contra violência policial racista, engatilhadas pelo assassinato de George Floyd por um policial norte-americano em 25 de maio de 2020.
João Pedro de 14 anos foi morto aqui no Brasil cerca de uma semana depois, brincando dentro de casa, mas a comoção nacional não foi a mesma aqui. Acontece que diversos casos como este no Brasil entram em pauta e logo depois são esquecidos, porque, infelizmente, a criminalização da pobreza é normalizada. Por que tal violência policial no Brasil só atinge determinados grupos?