Ocupação de terra é o caminho - Por Frei Gilvander
JUL 04, 2022
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A nossa pesquisa de doutorado sobre a Luta pela Terra enquanto Pedagogia de Emancipação Humana nos habilita a dizer: do latifúndio foi gerado o agronegócio, sistema econômico do empresariado açambarcando também o campo, expropriando a terra do campesinato e explorando à exaustão os bens naturais – a terra, as águas, o ar – intensificando, assim, a opressão perpetrada pela estrutura latifundiária há séculos. Outro traço emancipatório na atuação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros Movimentos da luta camponesa diz respeito à busca constante para construir e manter sempre a unidade legítima do campesinato e da classe trabalhadora na luta por justiça agrária e por todos os direitos sociais. Desde a criação da CPT e do MST permanece uma seiva emancipatória no exercício permanente da solidariedade de classe entre Sem Terra e sem-terra, dentro do possível, com todos os injustiçados pelo capital.


Há algo de emancipatório também em uma das características da História do Brasil que é a história de um campesinato progressivamente insubmisso, rebelde, resistente exigindo do Estado a realização de uma reforma agrária, que agora precisa ser popular. É o que nos afirma José de Souza Martins, renomado sociólogo e pesquisador da questão agrária em nosso país: “A História do Brasil é a história de um campesinato progressivamente insubmisso – primeiramente, contra a dominação pessoal de fazendeiros e “coronéis”; depois, contra a expropriação territorial efetuada por grandes proprietários, grileiros e empresários; e já agora, também contra a exploração econômica que se concretiza na ação da grande empresa capitalista. Particularmente a partir dos anos 50, camponeses de várias regiões do país começaram a manifestar uma vontade política própria, rebelando-se de vários modos contra seus opressores, quebrando velhas cadeias, levando proprietários de terras aos tribunais, organizando-se em ligas e sindicatos; exigindo do Estado uma política de reforma agrária; resistindo de vários modos a expulsões e despejos; erguendo barreiras e fechando estradas para obter melhores preços para seus produtos” (MARTINS, 1983, p. 9-10). 

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