Episode 216: Describing Someone's Face
MAR 23, 2023
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And here is the monologue for your benefit.


Minha namorada e eu queríamos apimentar a relação. Afinal, a gente caiu um pouco na mesmice depois de namorar quase dez anos. Por isso, concordamos que tentaríamos surpreender um ao outro. Semana passada ela chegou em casa toda serelepe e me mandou vendar os olhos, porque ia me levar para um lugar especial.


Entrei no embalo e lá fomos nós. Saímos de carro. Hum, será que ela ia me levar a um motel do bom? Já fiquei logo empolgado. Estava preparado para uma surpresa daquelas, menos a que vi quando tirei a venda dos olhos:


Estávamos no calçadão da praia, na frente de um monte de retrato feito à mão. Um senhor baixinho estava de lápis e papel na mão.


— Vamos fazer nosso retrato! — ela disse com a maior empolgação enquanto eu sorria amarelo.


O moço pediu que a gente sentasse ali enquanto ele desenhava. A Clara ia na frente; eu ficava esperando. Quis ficar olhando o homem desenhar, mas ele disse que não podia. Tudo bem.


O desenho não ia ser difícil. A Clara tinha um rosto bonito, mas simples. O rosto dela era ovalado, um pouco pontudo no queixo, mas proporcional. Os olhos eram um pouquinho apertados e separados também. Engraçado, eu nunca tinha reparado em como os olhos dela eram castanhos! O nariz arrebitado e o maxilar levemente pronunciado combinavam com as bochechas rosadas que ela tinha. Tinha também lábios carnudos e dentes alinhados.


Eu realmente tinha sorte.


Quando chegou a minha vez, fiquei pensando: como eu ia ficar no retrato? Sei que tenho um nariz adunco e minhas narinas são um pouco grandes demais... também tenho umas entradas aqui – sinal de calvície incipiente – e meu queixo é pontudo. Mas não sou horrendo feio assim, né? Meus olhos puxados dão um charme enigmático e minhas sobrancelhas finas não ressaem no rosto... meu cabelo, o pouco que tenho, emoldura meu rosto direitinho. Só tenho algumas espinhas e, por conta desses anos dentro de casa, acabei ficando cheinho e ganhando papada, mas nada que assuste ninguém.


E finalmente o retratista acabou o meu retrato.


— Eu quero ver o meu!


O retratista fez que não com a cabeça — tinha que pagar primeiro. É como dizem: dinheiro na mão, calcinha no chão. Justo. Não é como se ele quisesse nos depenar: o trabalho já estava feito. Pagamos e, na hora de ver, meu Deus...


Minha namorada ficou uma aberração. Além de ser tudo o contrário do que era, ela ainda ficou com sobrancelhas grossas e peludas, com uma espinha protuberante que a gente nem tinha notado. O rosto dela ficou quadrado.


No meu caso, fora a barba rala que eu tinha no dia, fiquei parecendo uma obra de arte abstrata.


Queríamos brigar com o retratista, mas eu ri tanto que acabei ficando com os retratos. Bom, a surpresa não foi exatamente o que ela queria, mas ficou do jeito que eu gostava.


Episode posted with two weeks' delay --- originally should be aired on March 23





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