A crônica brasileira de gastronomia
OCT 18, 2021
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“São Paulo é a primeira cidade do mundo a conhecer a comida


italiana como um todo”, diz o jornalista e escritor J.A. Dias Lopes,


com a experiência de hoje ser o maior pesquisador e cronista de


gastronomia do Brasil.




Gaúcho de Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai, Dias Lopes


chegou à capital paulista em 1968 para fazer parte da primeira


redação da revista Veja. Com 23 anos na icônica publicação, dois


prêmios Esso e uma longa temporada como correspondente na Itália,


onde cobriu as viagens do Papa João Paulo II, um dos principais


personagens do século 20, foi no retorno ao Brasil, depois de se


maravilhar com a culinária italiana, que ele começou a se dedicar a


publicações de gastronomia.




Na revista Gula, da qual foi diretor no início dos anos 90, ele viveu


um aspecto particular da abertura econômica promovida pelo governo


Collor, dada a chegada ao país de muitas importações, inclusive de


novos alimentos. Dias conta que a revista, referência em sua época,


era demandada a explicar o que eram, como se usavam e a origem


dos novos produtos importados, como “foie gras” e o macarrão do


tipo “penne”, desconhecidos da maioria e que acabaram por


incrementar e diversificar as prateleiras dos supermercados e a mesa


dos brasileiros.




Autor de colunas e blogs de gastronomia no Estadão e na Veja.com,


são vários os livros de comida publicados nos últimos anos. Embora


as publicações falem de canja, de arroz, de receitas especiais com


bacalhau, de churrasco, do gosto e da mesa de imperadores, papas e


artistas, Dias Lopes tem realçado o que ele chama de autêntica


cozinha ítalo-paulistana ou, de forma mais abrangente, porque a


pesquisa continua, da culinária ítalo-brasileira.


Declarando-se “paulistano voluntário” na sua autobiografia, ele se diz


fã – e se tornou seu mais dedicado estudioso – das transformações


que os imigrantes italianos no Brasil, em especial em São Paulo,


fizeram com receitas de DNA italiano. Dada a evidente inexistência


dos mesmos ingredientes que conheciam e usavam na terra natal, os


italianos daqui começaram a adaptar as receitas com o que encontravam e até a criar preciosidades como o bife à parmegiana,


uma unanimidade no Brasil, inspirada num prato com berinjela,


molho e queijo, mas que nunca existiu na Itália usando carne bovina.


Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV


CIEE, J.A. Dias Lopes ainda fala do momento da gastronomia no país,


dos chefs brasileiros e dos novos livros que está escrevendo sobre


comida, imigração italiana e Dom Quixote de La Mancha.

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