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Um dia por semana, em média, veja aqui os nossos destaques no mundo da cultura e das artes. Excepcionalmente, em função da actualidade, esta rubrica pode ter vários destaques.

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Mayra Andrade de regresso a Paris com "Reencanto" na bagagem

"Reencanto" é um espectáculo de Mayra Andrade, onde a cantora cabo-verdiana divide o palco apenas com seu guitarrista Djodje Almeida, em torno de músicas que ela compôs ao longo dos cinco álbuns que já tem no activo. Ela passou a 23 de Março pelo Festival Chorus, em Boulogne Billancourt, no recinto de "La Seine Musicale", muito perto de Paris. A oportunidade para voltar a uma cidade onde viveu ao longo de 14 anos, agora, após a sua primeira experiência da maternidade. Mayra Andrade está baseada há oito anos em Portugal, após uma infância passada entre Cabo Verde, mas também Senegal, Angola e Alemanha. Aos 17 anos veio para França estudar canto e resididu em Paris ao longo de 14 anos. Temas de sobra para conversarmos com Mayra Andrade, que, embora nascida na Havana, muito tem cantado Cabo Verde mundo fora. EU VI ALGUNS DOS CONCERTOS NA FASE EM QUE VOCÊ ESTAVA GRÁVIDA E DE REPENTE FOI MÃE. TODOS NÓS SABEMOS E NOS LEMBRAMOS, POR EXEMPLO, DO QUE TINHA ESCRITO PARA A SUA MÃE E A RELAÇÃO FILIAL QUE TEM COM ELA. IMAGINO QUE ESTA MATERNIDADE POSSA TAMBÉM TRAZER AÍ MUITA INSPIRAÇÃO PELA FRENTE. SE CALHAR PARA UM SEXTO ÁLBUM ? O MANGA FOI BASTANTE DIFERENTE DOS DISCOS ANTERIORES, MAIS AFROBEAT. MARCOU DE ALGUMA FORMA UMA TRANSIÇÃO, UMA RUPTURA. EM RELAÇÃO A ESTE ESPECTÁCULO QUE VOCÊ TINHA COMPOSTO TANTO EM FRANCÊS E TAMBÉM CANTADO ALGUMAS MÚSICAS EM FRANCÊS, PELO MENOS NO PASSADO. SE CALHAR VAI PRIVILEGIAR TAMBÉM ALGUNS TEMAS FRANCÓFONOS ? Eu escrevi algumas músicas em francês, mas músicas editadas foram uma. As outras foram escritas para mim e esta é a particularidade deste espectáculo. Há canções que você se calhar pensa que vai ouvir, mas não vai ouvir porque não é minha. E há canções minhas que também não estão, porque senão o espectáculo seria demasiadamente longo. UM PÚBLICO FRANCÓFONO TEM TENDÊNCIA A PEDIR-LHE "COMME S'IL EN PLEUVAIT" SISTEMATICAMENTE ? Sistematicamente, Não, talvez. Houve um tempo em que as pessoas estavam mais ligadas a essa música. Mas mesmo com músicas que não sejam em francês, eu acho que o público francófono também já criou uma relação e uma ligação com outras músicas, apesar de não serem em francês, nomeadamente do Manga, que é um disco, eu acho que veio juntar muita gente para o meu projecto. TRABALHOU COM MÚSICOS DA COSTA DO MARFIM. POR EXEMPLO, O MANGA E PRECISAMENTE O AFECTO FORAM OS PRINCIPAIS SINGLES QUE CELEBRIZARAM O ÁLBUM. O ÚNICO QUE GRAVOU NA MAISON DE LA RADIO FOI O STUDIO 105 ? Exactamente. E ESSE CONTINUARÁ PRESENTE E ESTARÁ PRESENTE AQUI TAMBÉM ? Por exemplo, "Céu" é uma música do Estúdio 105, que é minha, que eu fiz música e letra e que não está cá hoje. Está a ver? Há outras músicas que também não estão. Este projecto, o "Reencanto" tem de ser visto como um projecto intemporal, intemporal, que vai marcando, é tipo "milestones" que têm aqueles marcos, assim, dos meus discos, da minha carreira, mas que não tem amarras. É um projecto. O Reencanto poderá sempre se reinventar também. Porquê Reencanto ? É cantar, encantar-se e reencantar-se com canções que nós já conhecemos. Este repertório seguirá crescendo à medida que eu for compondo novas canções. Portanto, eu se calhar posso, daqui a dez anos, voltar a fazer o "Reencanto", mas terá outras canções que vão entrar. Algumas vão sair. Eu acho bonito é ter este projecto que seja assim um bocadinho fora da agenda dos discos, dos lançamentos convencionais, dos discos, não é? É como dizer-te "Olha, passa lá em casa, vamos sentar na sala e eu vou cantar para ti. E tu não sabes o que eu vou cantar, mas vais estar presente porque de alguma forma tens consciência de que aquilo é um momento especial. Então é isso. O reencantoo, por ser um festival [Chorus], é um concerto de apenas 1 hora. O concerto normal dura 1h45. EM FUNÇÃO DA MATERNIDADE A QUE FIZEMOS REFERÊNCIA RECENTEMENTE AGORA DÁ POR SI A OUVIR TAMBÉM MÚSICAS QUE RARAMENTE OUVIA ? QUE UNIVERSOS MAIS INFANTIS, SE CALHAR QUE PORVENTURA NÃO TINHA EXPLORADO ATÉ AO MOMENTO ? Olhe, a minha filha tem um ano. Ela tem já uma sensibilidade para a música muito grande e que não me estranha, porque ela fez várias turnês, vários projectos diferentes na barriga. Eu ontem ofereci-lhe um brinquedo, que tem muitos botões e muitas luzes. E ela associa os botões e as luzes à música, porque ela tem vários brinquedos que fazem música. Ela pôs-se a chorar e rejeitou aquele brinquedo porque não saía música. Ela carregava no botão, dançava e olhava para mim como quem diz "Quando é que a música começa?" Não é? Portanto, ela já tem uma sensibilidade muito grande para a música. Estou um bocadinho exposta ao universo da música infantil e tento trazer para ela., agora nem me lembro do nome do disco, mas há assim umas colectâneas de clássicos da música. Que seja da música mundial, músicas que marcaram certas décadas em versão para bebé ! E aquilo está, por exemplo, separado na versão para brincar e na versão para dormir. Então eu tento que mesmo no universo infantil, ela tenha acesso a boas músicas. Isso também permite-me não estar a ouvir "Baby Shark", pelo menos enquanto eu puder. E AGORA EU SEI QUE TINHA VONTADE DE FAZER MUITAS COLABORAÇÕES. JÁ FEZ BASTANTES, NÃO É? VÊM COISAS AÍ JÁ A GERMINAR ? EU GOSTARIA DE SABER UM POUCO O OLHAR QUE TEM SOBRE FIGURAS COMO ELIDA ALMEIDA, POR EXEMPLO, COMO A FLORIBELLA, QUE SURGIU MAIS RECENTEMENTE, EMBORA TENHA MAIS IDADE, NÃO É? SÃO FIGURAS QUE VOCÊ OUVE, QUE JÁ CRUZOU NA SUA VIDA? Já. Já cruzei. Já estive exposta à música, aos clipes que elas vão lançando. Eu acho que Cabo Verde continuará a surpreender o mundo com vozes, muitas vozes femininas. E elas fazem parte dessa constelação e desejo a elas e às que virão depois e aos que virão também depois. Mulheres e homens continuem assim, a alimentar esta família musical cabo- verdiana, que no fundo é a maior bandeira de Cabo Verde em Cabo Verde, é conhecido essencialmente pela sua música. Cada artista cabo-verdiano que faz um bom trabalho e que consegue manter uma carreira ao longo dos anos e construir uma coisa consistente é motivo de orgulho para mim como artista. Mas como cabo-verdiana, também ! É UM PORTO DE ABRIGO AO QUAL VOLTA, O QUAL PENSA VOLTAR TAMBÉM AGORA COM A SUA FILHA ? Eu volto sempre para Cabo Verde. Vou para Cabo Verde e a família é casa. É o mar e o vento das ilhas. Eu vivi muito tempo fora, mas também vivi dentro. Nunca vivi um corte com Cabo Verde, portanto a Daio, que é o nome da minha filha. Já estive em Cabo Verde várias vezes, só tem um ano, mas já esteve duas vezes em Cabo Verde, portanto está a ver que é assim o nosso porto seguro.

13m
Mar 26, 2024
Paris acolhe em Novembro grande espectáculo internacional de magia

Paris e o teatro Folies Bergère acolhem de 7 de Novembro a 1 de Dezembro o espectáculo "Luís de Matos IMPOSSIBLE Sur Scène". Uma referência ao mágico português Luís de Matos que concebeu um grande programa de magia, na companhia de quatro outros mágicos de notoriedade mundial, oriundos da França, Bélgica, Coreia do Sul e Estados Unidos. A apresentação à imprensa ocorreu na semana passada.   LUÍS DE MATOS levanta-nos o véu sobre como será o espectáculo, começando por se referir à relação que mantém com MOÇAMBIQUE, ONDE NASCEU E ONDE VIVEU OS PRIMEIROS ANOS DE VIDA. VI QUE JÁ AOS 16 ANOS TINHA CONSEGUIDO ALCANÇAR UM PRÉMIO. COMO É QUE DE REPENTE, A MAGIA SURGIU DE FORMA TÃO PRECOCE NA SUA VIDA? PARA SI, A MAGIA ERA UMA EVASÃO DA REALIDADE ? MUITO RAPIDAMENTE A SUA CARREIRA ULTRAPASSA AS FRONTEIRAS PORTUGUESAS. COMEÇOU A SUA INTERNACIONALIZAÇÃO COM PROJECTOS, NOMEADAMENTE TELEVISIVOS, POR EXEMPLO, EM ESPANHA OU NO REINO UNIDO. QUAL FOI ASSIM O PONTAPÉ DE SAÍDA PARA EXTRAVASAR FRONTEIRAS? TALVEZ VOCÊ SEJA CADA VEZ MENOS O DAVID COPPERFIELD PORTUGUÊS, MAS CADA VEZ MAIS UM LUÍS DE MATOS QUE INSPIRA OUTROS LUÍS DE MATOS ALGURES NO PLANETA. ORA, PRECISAMENTE UM PROJECTO ARROJADO EM NOVEMBRO E DEZEMBRO AQUI, DE 7 DE NOVEMBRO A 1 DE DEZEMBRO DE 2024, NO FOYER DE PARIS, COM UM ELENCO TAMBÉM MUITO PRESTIGIOSO, COMO É QUE SE CHEGA A ESTE RESULTADO FINAL? DEU PARA PERCEBER BEM QUE SÃO PESSOAS QUE VOCÊ CONHECE SOBEJAMENTE ! PORQUÊ ESTA OPÇÃO POR PARIS E PELO FOLIES BERGÈRE?

15m
Mar 20, 2024
Português Valério Romão com novas obras no mercado francês

Valério Romão, embora nascido em França, vive desde criança em Portugal. Tem-se ilustrado na literatura com uma série de obras que têm vindo a singrar também no mercado francês. O lançamento da tradução francesa de "Dez razões para aspirar a ser gato", publicado em Portugal em 2015 pela editora Mariposa azual, e que agora chega ao mercado francês através da editora Chandeigne, foi um dos pretextos para voltarmos a falar com o autor. Valério Romão aqui em "Dix raisons de vouloir être chat" volta a ser traduzido por João Viegas, uma colaboração à qual o autor começa por se referir. VALÉRIO ROMÃO: É sempre um prazer trabalhar com o João, porque ele é um tradutor exímio, muito interessado naquilo que faz e em perceber o que é que está diante dele. Não só em termos de linguagem, ou de semântica, ou gramatical, mas também em termos de estilo. Ele dá muita atenção à musicalidade e ao ritmo dos textos. E depois isso é muito fácil, porque há duas ou três dúvidas que surgem e rapidamente são dirimidas. E pronto, é um prazer ! QUE RELAÇÃO É QUE VOCÊ TEM OU TEVE COM OS FELINOS PARA OPTAR PELA ESCRITA DESTA OBRA, NOMEADAMENTE ? Sou grande fã de gatos e tudo o que tenha a ver com gatos e achei que era uma forma engraçada e interessante de homenageá los literariamente, como tantos escritores já o fizeram. PEDIR LHE IA PARA TER A AMABILIDADE DE NOS LER UM EXCERTO. VOCÊ EVOCA DEZ RAZÕES, NÃO É? PARA EFECTIVAMENTE ASPIRARMOS A SER GATOS ! Com prazer. Vou ler a primeira razão do primeiro conto deste livro: * > A gata passeia a sua indiferença elegante por entre as pernas dos convivas. A gata abre e fecha a bocarra de sono, recosta-se na almofada e avia, em silêncio, mais 06h00 de merecido repouso. Às vezes gostava de ser aquela gata distraída. Às vezes gostava que o meu único sobressalto ocasional adviesse de um cio incontrolável, um cio que me fizesse miar noites a fio, um desassossego de bicho, um cio que devolvesse aos donos a vontade secreta de um espancamento nocturno. MUITO OBRIGADO. ENTÃO NÓS EVOCAMOS AQUI DEZ RAZÕES PARA ASPIRARMOS A SER GATO. QUER SINTETIZAR-NOS ALGUMAS DELAS ? HÁ UMA RAZÃO OFTALMOLÓGICA, PSICOLÓGICA... Sim, basicamente o livro, embora, embora seja centrado nos gatos, o gato não está sempre em primeiro plano. O gato é um ponto de aplicação do desejo ou da frustração, ou da vontade de o humano de aspirar a uma vida mais simples ou com mais sentido. É uma espécie de espelho no qual o humano se vê e percebe que, embora seja aparentemente o ser mais completo ou mais avançado neste planeta, essa completude ou essa evolução não lhe traz a tranquilidade que os gatos têm, por exemplo. NOTA-SE, DE FACTO, AQUI A SUA POSTURA LIGADO À FILOSOFIA. VOCÊ É FORMADO EM FILOSOFIA, TORNOU-SE INFORMÁTICO, CHEGOU À ESCRITA E DEDICA-SE À ESCRITA A TEMPO INTEIRO, ENNTÃO, DESDE 2017, COMO É QUE FOI O ENCADEAMENTO DE CIRCUNSTÂNCIAS PARA SE CHEGAR A ESTE PATAMAR DA SUA TRAJECTÓRIA? Fui-me ajeitando com aquilo com que me deparando, não é? Eu tiro filosofia sabendo que não vou propriamente trabalhar em filosofia, acabo por ir parar ao mundo da informática por ter algumas competências de sistemas e tendo sempre no horizonte a vontade e a possibilidade de um dia dedicar-me só àquilo que gostava mesmo de fazer, que é a escrita. E quando isso aconteceu, embora tenha perdido alguma segurança e conforto financeiro, não posso dizer que esteja arrependido, porque fiz a única escolha que me pareceu possível. NÃO NOS ESGOTAMOS NESTE LIVRO "DIX RAISONS DE VOULOIR ÊTRE CHAT", A TRADUÇÃO PARA FRANCÊS PELA CHANDEIGNE DE "DEZ RAZÕES PARA ASPIRAR A SER GATO" PORQUE AO MERCADO FRANCÊS CHEGOU AGORA UMA OBRA JÁ TRADUZIDA DO FRANCÊS PARA PORTUGUÊS NO PASSADO. REFIRO-ME AO "AUTISMO", QUE ESTREOU EM 2012 EM PORTUGAL, MAS EM 2016 EM FRANÇA E QUE CHEGOU AGORA AO FORMATO DE BOLSO, NÃO É ? EM RELAÇÃO AO "AUTISMO", PORQUE, EU SEI, ESTE LIVRO TEM MUITO DE AUTOBIOGRÁFICO. É TAMBÉM, DE ALGUMA FORMA, O RETRATO DA IMPLOSÃO DE UMA FAMÍLIA. UM CASAL, O ROGÉRIO, A MARTA, MAS TAMBÉM VÁRIAS GERAÇÕES, INCLUSIVE A DOS AVÓS, EM TORNO DE UMA CRIANÇA AUTISTA QUE É O HENRIQUE. COMO É QUE FOI ESCREVER "AUTISMO" ? A PRIMEIRA DA SUA TRILOGIA DAS PATERNIDADES FALHADAS, DA QUAL JÁ FALÁMOS AQUI SOBRE OS DOIS LIVROS QUE SE LHE SEGUIRAM. Foi um livro relativamente inesperado porque eu ainda estava a trabalhar em informática e senti que já não escrevia há bastante tempo. Senti que precisava de voltar a escrever qualquer coisa, pelo que comecei a escrever aquilo que eu imaginava ser um conto que, depois, se transformou muito rapidamente num romance precisamente com elementos autobiográficos sobre o qual eu estive sempre preocupado porque não queria que fosse um registo de um diário. Mas quando terminei, fiquei relativamente satisfeito com o processo e com o resultado. Porque de facto não é um diário. E não é lamechas ? ACHO QUE SERIA DE FACTO FABULOSO PODER OUVIR UM CURTO EXCERTO, ENTÃO, DA SUA ESCRITA NO "AUTISMO". Claro. Este é do terceiro capítulo. * > O primeiro sítio a que Rogério acorreu foi ao balcão de informações do hospital, afogueado no pingo de uma corrida interminável que começara quando recebera da escola o telefonema em que lhe diziam, entre soluços e pedidos de desculpa, que o filho tinha sido atropelado e que seguira para o hospital de urgência numa ambulância que fazia gemer as sirenes para que se percebesse, nos cruzamentos e nos semáforos, a emergência vital da carga. No balcão de informações estava uma senhora de provecta idade a perguntar pela consulta de reumatologia. Rogério, inquieto, olhava por cima do ombro da mulher que, para além de ter problemas nas articulações do corpo, devia também já sofrer de alguma audição selectiva, pelo que obrigava a rapariga que padecia de uma espécie de olheiras de panda atrás do guichê, a repetir monocordicamente, mas cada vez mais alto que a reumatologia ficava no décimo piso, mesmo atrás do laboratório. E dizia isto de cada vez, como se lhe houvesse entrado um Sísifo na língua e a repetição fosse um karma impossível de ser interrompido no seu fluxo. OBRIGADO. O QUE É QUE LHE EVOCA SE ALGUÉM PENSAR EM EUGÈNE IONESCO, NO TEATRO DO ABSURDO, EM RELAÇÃO AOS UNIVERSOS QUE VOCÊ CONSTRÓI, POR EXEMPLO, NOMEADAMENTE EM RELAÇÃO A TUDO O QUE VAI OCORRER NO BANCO DE URGÊNCIAS DAQUELE HOSPITAL ? Sim, tenho uma dívida para com o absurdo e com o absurdo não só de Ionesco, mas de Kafka, de Gogol. Mas esta urgência é também uma espécie de Castelo de Kafka. Não é uma coisa de que se fala muito, mas não se chega lá, não se chega a entrar lá propriamente. E é um dispositivo que funciona bem no sentido de manter a tensão e deixar que o resto do romance vive de prolepse e de analepse se esprai à volta desta coluna vertebral que são as urgências e faça o resto do esqueleto do livro. E, PORTANTO, QUANDO ESCREVEU O "AUTISMO", PORVENTURA NÃO TINHA AINDA NOÇÃO DE QUE ESCREVERIA POSTERIORMENTE "O DA JOANA" E O "CAIR PARA DENTRO"; O SEGUNDO E O TERCEIRO TOMO, POR ASSIM DIZER, DESTA TRILOGIA DAS PATERNIDADES FALHADAS ? Eu sabia que queria escrever uma trilogia porque parecia me interessante explorar esse tema. Não sabia exactamente sobre o que é que seria. COMO É QUE É AGORA VOLTAR A ESTES LIVROS QUE, GRAÇAS À TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO PARA OUTROS MERCADOS QUE NÃO O PORTUGUÊS, TANTO TEMPO DEPOIS. PORTANTO, VOLTO A RECORDAR QUE DEZ RAZÕES PARA ASPIRAR A SER GATO JÁ SAIU EM 2015, , PORTANTO PRATICAMENTE NOVE ANOS, E O "AUTISMO" EM 2012. Sim, é engraçado porque algumas coisas envelheceram bem e outras nem por isso. Agora estava a ler e estava a ver o que é que estava ao mesmo tempo a pensar que havia coisas aqui que teriam de ser mudadas. Mas claro que não vão ser porque eu não vou reescrever um livro que está escrito. Mas. Mas na minha escrita, pronto, não será já exactamente assim. E COMO É QUE OLHA ENTÃO PARA ESTA "SEGUNDA VIDA", EM FRANÇA DO "AUTISMO", QUE TINHA INTEGRADO A SELECÇÃO FINAL DO PRÉMIO FEMINA ESTRANGEIRO DE 2016 E QUE TEVE TRADUÇÃO DE ELISABETH MONTEIRO RODRIGUES. Acho muita piada porque, no fundo, somos todos muito semelhantes, não é? As pessoas vão fazendo perguntas. Quando tenho encontros com os meus leitores, acabam por ir fazendo perguntas que os leitores portugueses também fizeram. E acho muito interessante isso: haver essa comunidade de leitores, uns mais interessados no tema do autismo, outros mais interessados no tema da literatura, que acabam por partilhar perguntas muito semelhantes. NOS LIVROS QUE COMENTÁMOS ANTERIORMENTE, TÍNHAMOS FALADO MUITO DAS CONVERSAS QUE TIVE PRECISAMENTE COM PESSOAS, POR EXEMPLO, QUE ASPIRAVAM A SER MÃES. NO CASO DE "O DA JOANA", QUE É O NASCIMENTO DE UM NADO MORTO. O "AUTISMO" FALÁMOS QUE TINHA MUITO DE AUTOBIOGRÁFICO NA SUA FAMÍLIA. VOCÊ TEM UM FILHO QUE É AUTISTA. FOI TAMBÉM UM ASSUNTO QUE COMENTOU SOBEJAMENTE COM PESSOAS QUE PARTILHEM CONSIGO ESTE DIA A DIA LIGADO AO AUTISMO? Sim e não. Ou seja, acho que acabei por falar do livro e acabei por falar do tema, mas não partilhámos assim tanto. MAS NA ÚLTIMA VEZ QUE NOS VIMOS VOCÊ DISSE-ME QUE ESTAVA A GERMINAR UM LIVRO SOBRE UMA EPIDEMIA DE LESBIANISMO EM LISBOA. PERGUNTAR-LHE-IA, DOIS ANOS DEPOIS, EM QUE PÉ QUE ESTÁ ESTE PROJECTO OU PORVENTURA OUTROS PROJECTOS QUE TERÃO SURGIDO ? Eu acabei por escrever uma centena de páginas de que não gostei. Portanto, estou à espera de ter algum tempo para mim, no sentido de ter dinheiro suficiente para estar uns meses sem precisar de trabalhar para voltar a ele, porque não o abandonei.

12m
Mar 12, 2024
“Simbiose” de Anésio Manhiça e Bruno Gomes alia fotografia à questão climática

“Simbiose” é o nome da mais recente exposição de Anésio Manhiça e Bruno Gomes. Dois fotógrafos moçambicanos que aliam a fotografia à questão climática. A exposição abre ao público esta quarta-feira, 28 de Fevereiro e ficará patente no espaço cultural 16Neto, em Maputo, durante 30 dias. “SIMBIOSE” é o nome da mais recente exposição de Anésio Manhiça e Bruno Gomes. Dois fotógrafos moçambicanos que aliam a fotografia à questão climática. A exposição confronta o Greenwashing e a crise ambiental. Catorze fotografias capturadas na cidade e província de Maputo que mostram os efeitos da poluição por plástico e vidro e as pegadas ambientais deixadas pela indústria. O olhar de Bruno Gomes e Anésio Manhiça questiona a ineficácia governamental, apela à necessidade de acção climática e à transparência corporativa em prol de um futuro sustentável. Em entrevista à RFI, BRUNO GOMES explica que “SIMBIOSE” é uma “l”. ANÉSIO MANHIÇA acrescenta que “”. A ideia de uma exposição a duas objectivas surgiu de uma conversa entre os dois fotografos: “”, sublinhou Anésio Manhiça. A EXPOSIÇÃO “SIMBIOSE” DOS FOTÓGRAFOS MOÇAMBICANOS ANÉSIO MANHIÇA E BRUNO GOMES ABRE AO PÚBLICO ESTA QUARTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO E FICARÁ PATENTE NO ESPAÇO CULTURAL 16NETO, EM MAPUTO, DURANTE 30 DIAS. UM CONVITE À REFLEXÃO AMBIENTAL QUE PODE SER VISITADO DE FORMA GRATUITA.

8m
Feb 28, 2024
Revolução e fim da Guerra Colonial em "Liberdade - Portugal, lugar de encontros"

No ano em que se assinalam 50 anos da revolução de 25 de Abril de 1974, "Liberdade - Portugal, lugar de encontros" é a exposição que reúne o trabalho de 28 artistas contemporâneos oriundos dos países de língua oficial portuguesa. A exposição tem curadoria de João Pinharanda e está patente na sede da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa. A exposição https://www.uccla.pt/noticias/inauguracao-da-exposicao-liberdade-portugal-lugar-de-encontros-0 reflecte a multiplicidade de encontros só possíveis com o derrube da ditadura em Portugal e o fim da Guerra Colonial. Pintura, fotografia, escultura, serigrafia, azulejo e tapeçaria são as técnicas utilizadas para a produção de obras que partem de uma circunstância histórica concreta mas que se tornam universais.   LISTA DE ARTISTAS EXPOSTOS: Abraão Vicente Alexandre Farto aka Vhils Alfredo Cunha Ana Marchand Ângela Ferreira António Ole Carlos Noronha Feio Cristina Ataíde Emília Nadal Eugénia Mussa Fidel Évora Francisco Vidal Gonçalo Mabunda Graça Morais Graça Pereira Coutinho Herberto Smith Joana Vasconcelos José de Guimarães Keyezua Manuel Botelho Mário Macilau Nú Barreto Oleandro Pires Garcia Pedro Chorão Pedro Valdez Cardoso René Tavares Vasco Araújo Yonamine   MORADAS: UCCLA - Avenida da Índia, n.º 110 - Lisboa CCCV - Rua de São Bento, n.º 640 - Lisboa HORÁRIOS: UCCLA - 8 de fevereiro a 10 de maio de 2024 Segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas

11m
Feb 21, 2024
Projecto português que mostra laços entre as mulheres e o mar quer chegar a Cabo Verde e ao Brasil

O projecto "Mulheres do Mar" quer mostrar a ligação profunda entre as mulheres e o mar, dando origem inicialmente a curtos documentários em que diferentes mulheres falam sobre os seus laços com os oceanos, e agora a uma rede de mulheres que trabalham, vivem e pensam o mar um pouco por todo o Mundo. Entre o receio e o respeito, na história contemporânea, as mulheres foram sempre afastadas do mar, sendo muitas vezes postas em segundo plano face a intrépidos conquistadores, pescadores, pesquisadores ou desportistas masculinos. A ONG portuguesa Help Images, através do documentário "Mulheres do Mar https://helpimages.org/mulheres-do-mar-apresentacao/", quer mudar esta ideia pré-concebida e dar a conhecer a relação profunda entre as mulheres e o mar. "", explicou Raquel Martins, fundadora e dinamizadora deste projecto, em entrevista à RFI. Assim, entre as 600 mulheres já entrevistadas para este documentário estão biólogas marinhas, investigadoras oceanográficas, pescadoras, surfistas, peixeiras, mas também tradutoras, políticas, professoras ou jornalistas. Para já, este projecto inclui apenas mulheres portuguesas - cerca de 600 -, mas Raquel Martins quer expandir esta rede de mulheres a Cabo Verde, Brasil ou Canadá e, sobretudo, pôr em contacto todas as mulheres que querem falar do mar. "", explicou. A RFI entrevistou Raquel Martins na UNESCO, em Paris, onde esta activista veio falar sobre o projecto Mulheres do Mar, no contexto da importância da igualdade de género no combate às alterações climáticas e onde afirmou que o lugar das mulheres na preservação do oceanos é essencial. "", concluiu.

9m
Feb 14, 2024
Museu do Homem mostra como descoberta de pinturas e gravuras rupestres abalou o século XX

O Museu do Homem, em Paris, mostra como a descoberta de pinturas e gravuras rupestres abalou o início do século XX não só no âmbito da Ciência, mas também nas Artes e, sobretudo, na maneira como os homens primitivos eram vistos. A comissária da exposição, Egídia Souto, fez uma visita guiada, em exclusivo, para a RFI.   Até ao século XX nada se sabia no Mundo Ocidental sobre a faceta artística dos nossos antepassados. Graças a figuras como Henri Breuil ou Leo Frobenius, e às suas investigações no terreno, a sociedade dos anos 30 começou a interrogar-se sobre não só o que faziam, mas quem eram, o que sentiam e o que interpretavam artisticamente os primeiros homens que desenhavam nas cavernas. Esta mediatização das pinturas e gravuras rupestres e o frenesim que provocou na época está em patente no Museu do Homem, em Paris, através da exposição Pre-Histomania que pode ser vista até ao dia 20 de Maio. A comissária da exposição. Egídia Souto, professora de literatura e historia da arte africana na Sorbonne, faz-nos a visita guiada a um passado mais próximo do que imaginamos. "", explicou. Na primeira sala, as paredes estão cobertas de grandes desenhos na Vertical e horizontal. É a escala das diferentes grutas exploradas pela equipa de Leo Frobenius. Egídia Souto falou-nos das mais significativas encontradas nas missões ao Zimbabwe, África do Sul e Lesotho. "", disse a académica. Assim, depois de localizar as gravuras ou pinturas, a equipa tinha a tarefa de lá chegar. Muitas destas mulheres e homens, a maior parte muito jovem, tinham de aceder a grutas ou penhascos escalando ou caminhando longos período na floresta ou no deserto. Estas reproduções efetuadas na maior parte das vezes em condições adversas, são hoje o único registo do que existia nessas paredes, já que muitos destes lugares hoje já não existem. Se muitas missões levaram a equipa de Leo Frobenius ou de Henri Breuil para longe, outras fizeram-se na Europa. Uma das mais significativas foi à gruta de Alta-Mira, em Espanha, com os contemporâneos destes académicos a não acreditarem à primeira que os homens primitivos eram capazes de produzir arte com tanto detalhe e delicadeza. Egídia Souto explicou quem era afinal Leo Frobenius e qual o impacto das suas descobertas na Ciência, mas também nas artes e na percepção em geral do início da Humanidade. "", contou. Um pioneiro, mas também um alemão, algo muito importante temporalmente já que em 1933 Adolf Hitler sobe ao poder e seis anos mais tarde começa a Segunda Guerra Mundial. O estudo do homem primitivo e a anatomia comparada serviram de arma ao regime nacional socialista em Berlim para manipular a opinião pública alemã e comprovar, através de teorias enviesadas, a supremacia da raça ariana. Mesmo se Leo Frobenius foi dos primeiros estudiosos a falar sobre as civilizações africanas, mapeando os usos, costumes, mitos e arte de diferentes povos no continente, de forma a garantir a transparência sobre quem foi este homem e a sua proximidade ou não ao regime alemão, os comissários da exposição pediram uma avaliação independente sobre o envolvimento de Frobenius com os partidários do nazismo. "", explicou Egidia Souto. As imagens de Frobenius deram a volta ao Mundo e foram mostradas no anos 30 no próprio Museu do Homem, em Paris, mas também no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. Estima-se que mestres do século XX como Picasso ou Miró tenham visto estas imagens e se tenam inspirado para as suas próprias obras.  Estão recenseadas atualmente no Mundo cerca de 45 milhões de pinturas e gravuras rupestres, espalhadas por 160 países e há constantemente novas descobertas. Os métodos de estudo hoje estão muito longe dos decalques ou reproduções feitas pelas equipas de Henri Breuil ou Leo Frobenius, com recurso a tecnologia de ponta para estudar estas imagens. No entanto, o objetivo continua a ser o mesmo, não deixar que estas imagens desapareçam. E, para isso, os artistas continuam hoje a interpreta-las, com a exposição a terminar com dois quadros de artistas contemporâneos: o senegalês Abdoulaye Diallo e a portuguesa Graça Morais. A exposição Pre-histomania está patente até 20 de Maio no Museu do Homem, em Paris. 

21m
Feb 07, 2024
"Natália Correia dialoga, reage e subverte a censura salazarista"

O livro  de Natália Guerellus já se encontra nas livrarias francesas e percorre a obra de Natália Correia num plano social e político de uma mulher que escreve na segunda metade do século XX , cuja escrita vai emancipar o universo feminino. , lembra a autora. Poetisa, activista política e defensora dos direitos das mulheres, Natália Correia foi tudo isto e muito mais. Nasceu em 1923 na ilha de São Miguel, nos Açores, marcou a segunda metade do século XX por ser carismática e combativa, por não ter medo de assumir posições que abalaram preconceitos enraizados e desafiaram as convenções. Natália Correia nasceu nos Açores em 1923, aos 11 anos vai viver para Lisboa. Foi jornalista na Rádio Clube Português e colaborou no jornal Sol. Activista política: apoiou a candidatura de Humberto Delgado; assumiu publicamente divergências com o Estado Novo e foi condenada a prisão com pena suspensa em 1966, pela Foi publicado pela editora francesa   o livro  sobre o género, a literatura e a política na vida ena obra da poetisa portuguesa Natália Correia. O título do livro inspira-se numa estrofe do poema , no qual Natália Correia escreve:.  A escritora Natália Guerellus percorre a obra de Natália Correia e levanta a questão: o que significa escrever num regime autoritário? , descreve a autora brasileira. Há três preocupações que vão acompanhar Natália Correia ao longo da vida, o género, a literatura e a política. explica. A escritora lembra que Natália Correia foi uma pioneira na literatura feminina pelo facto de abrir acrescenta Natália Guerellus. A Natália Correia é lembrada como uma figura polémica. concluiu.

14m
Jan 31, 2024
Fado Camões, o novo trabalho de Lina Rodrigues

Lina Rodrigues está de volta. Fado Camões é o novo trabalho da fadista, um álbum que, tal como o nome indica, explora a poesia de Luís Vaz de Camões e que conta com a colaboração do produtor e músico britânico Justin Adams. Há três anos, Lina Rodrigues e o produtor e músico Raül Refree apresentaram ao mundo uma nova forma de “sentir” e tocar o fado, na altura um [trabalho] em torno do repertório de Amália. A 13 de Janeiro, o jornal Le Monde nomeava Lina Rodrigues como uma das 12 personalidades a não perder em 2024. Nesse mesmo artigo sublinhava a intensidade arrebatadora do fado da artista portuguesa que "empresta a sua voz ao poeta Luís de Camões", “o príncipe dos poetas”, como lhe chamou o Télérama, que acrescenta que o "seu fado é encantador".  ESTE ÁLBUM SERÁ APRESENTADO A 30 DE JANEIRO, NO TEATRO DA TRINDADE, EM LISBOA. POSTERIORMENTE, HÁ UMA DIGRESSÃO E ESSA DIGRESSÃO PASSARÁ POR FRANÇA, POR PARIS, PELO STUDIO DE L'ERMITAGE, A 15 DE MARÇO. COMEÇO, PRECISAMENTE, POR LHE PEDIR PARA ME DESCREVER FADO CAMÕES. OS AMORES E DESAMORES DE CAMÕES… PORQUÊ LUÍS VAZ DE CAMÕES? JÁ HAVIA ESSE INTERESSE? COMO É QUE SURGIU ESTE OLHAR DIFERENTE PARA A POESIA DE CAMÕES? ESSA IDEIA FICOU AÍ A SER “COZINHADA”? O QUE É QUE FOI NECESSÁRIO PARA ESTA ADAPTAÇÃO DAS LETRAS DE CAMÕES, DOS POEMAS A ESTA COMPOSIÇÃO? VI QUE TINHA TRABALHADO COM A AMÉLIA MUGE NESTE PROCESSO. Em relação à forma, como é que foi feito todo o processo, qual é que foi o critério? Foi, no fundo, um trabalho estrutural de juntar versus de quintilhas, sextilhas, quadras, sonetos… folhear um livro da lírica de Camões e - como sou conhecedora dos fados tradicionais - cantá-los, à medida que vou lendo os versos, assim percebia se havia musicalidade ou não.  A FORMA COMO OS VERSOS ENCAIXAVAM NA ESTRUTURA DO FADO TRADICIONAL? UMA DAS NOVIDADES DESTE ÁLBUM É A COLABORAÇÃO COM O PRODUTOR E MÚSICO BRITÂNICO JUSTIN ADAMS. O QUE É QUE O JUSTIN ADAMS TRAZ A ESTE DISCO?  O QUE É QUE JUSTIN ADAMS SABIA SOBRE O FADO E SOBRE A LINA? JÁ NO SEU TRABALHO ANTERIOR QUEBRA ALGUMAS AMARRAS DO FADO TRADICIONAL. NESTE ÁLBUM VAI NESSA CONTINUIDADE. HÁ UMA NECESSIDADE DE DAR UMA NOVA ROUPAGEM AO FADO?  “O QUE TEMO E O QUE DESEJO” É INTERPRETADO COM RODRIGO CUECAS, COMO É QUE CHEGOU A ESTA A ESTA COLABORAÇÃO? A 13 DE DE JANEIRO, O JORNAL LE MONDE DIZIA QUE A LINA ERA UMA DAS 12 PERSONALIDADES A NÃO PERDER EM 2024, NESSE MESMO ARTIGO, SUBLINHAVA “A INTENSIDADE ARREBATADORA DO FADO DA ARTISTA PORTUGUESA, QUE EMPRESTA A SUA VOZ AO POETA LUÍS VAZ DE CAMÕES”, A QUEM O TÉLÉRAMA, TAMBÉM EM JANEIRO, DESIGNOU DE O “PRÍNCIPE DOS POETAS” E ACRESCENTOU QUE O FADO DA LINA É “ENCANTADOR”. COMO É QUE OLHA PARA ESTA CRÍTICA?

16m
Jan 24, 2024
Guiné-Bissau: Escola de música de Nino Galissa para universalizar a Kora

O músico guineense Nino Galissa quer universalizar o instrumento musical guineense Kora através da escola de música que criou. Com vista a salvaguardar esta herança cultural, o músico tradicional tem vindo a ensinar o instrumento às crianças e jovens do Bairro Militar, em Bissau. Nino Galissa "sonhou" com o projecto de criar uma escola de música de Kora nos últimos anos para garantir a continuidade e a transmissão deste instrumento guineense. Tradicionalmente, o ensino de Kora acontece por transmissão no seio da família, mas a tradição começou a perder-se e Nino Galissa resolveu criar uma escola de Kora e dedica-se à construção do instrumento tradicional guineense. Foi no antigo Império de Gabú que nasceu o instrumento típico da Guiné-Bissau. A Kora existe há mais de 300 anos e na altura os que tocavam as cordas tinham por missão preservar as tradições, iluminar a história, glorificar a realeza do povo. No passado mês de Dezembro, o espaço em construção da escola de música de Nino Galissa estreou com um concerto que juntou no palco jazz português e música tradicional guineense, no bairro militar de Bissau.que juntou a formação artística de Nina Galissa e quatro músicos portugueses de jazz. Nino Galissa nunca imaginou poder inaugurar o espaço da escola de música em construção tão cedo, conta-nos o músico. A Kora é formada por 21 cordas, tem uma caixa de ressonância feita de cabaça e as cordas eram originalmente feitas de pele de antílope. O instrumentista usa apenas o polegar e o indicador para dedilhar as cordas da Kora, enquanto os outros dedos seguram o instrumento.

7m
Jan 16, 2024
Associação de Cinema de Cabo Verde entrega prémios a universitários

A Associação de Cinema Audiovisual de Cabo Verde entregou esta terça-feira, 09 de Janeiro, os prémios monetários aos vencedores do concurso de filmes universitários. Em entrevista à RFI, Júlio Silvão Tavares, o presidente da Associação de Cinema Audiovisual de Cabo Verde sublinhou a importância dos prémios agora atribuídos e de ter no mesmo palco “a geração dos iniciados” e a “geração dos consagrados”, de forma a influenciar os mais novos para a área do cinema e audiovisual. A Associação de Cinema Audiovisual de Cabo Verde entregou esta terça-feira, 09 de Janeiro, os prémios monetários aos vencedores do concurso de filmes universitários referentes ao ano lectivo de 2022/23. Na mesma cerimónia, a ACACV distinguiu os realizadores e produtores Yuri Ceunick, Natasha Craveiro e Samira Vera-Cruz pelos feitos a nível internacional em diferentes festivais. Em entrevista à RFI, Júlio Silvão Tavares, o presidente da Associação de Cinema Audiovisual de Cabo Verde sublinhou a importância dos prémios agora atribuídos e de ter no mesmo palco “a geração dos iniciados” e a “geração dos consagrados”, de forma a influenciar os mais novos para a área do cinema e audiovisual. Desde há oito anos que a Associação de Cinema Audiovisual de Cabo Verde aposta na formação de jovens para a realização de filmes com telemóveis.  * > Pretendemos a democratização do cinema e do audiovisual no país através do telemóvel, tendo em conta as dificuldades em adquirir equipamentos de melhor qualidade. >  > Na formação de 18 horas damos a noção geral de como se desenvolve uma ideia, como se faz um roteiro, como se faz um guião, como desenvolver o guião, como construir planos de filmagens, como gravar som, tudo com telemóvel. Questionado sobre o estado do cinema cabo-verdiano, Júlio Silvão Tavares responde que o financiamento continua a ser o “calcanhar de Aquiles”. * > O nosso cinema, ainda, continua a dar os primeiros passos. Nós, hoje em dia, já temos a regulamentação do mercado, com a lei do cinema. >  > Mas a nossa produção ainda é incipiente porque ainda temos dificuldades de financiamento que é o "calcanhar de Aquiles" no nosso país. Apesar da importância do cinema e do audiovisual em todo o processo de desenvolvimento do país e do homem, ainda não se vislumbra a possibilidade de ter, pelo menos, um carinho maior por parte dos decisores.

8m
Jan 09, 2024
Reconstruir a história de Angola através da música

A Orquestra Sinfónica de Angola quer recuperar instrumentos tradicionais e resgatar a herança musical do país. Já estão identificados mais de 20 instrumentos, e agora são precisos apoios para superar o desafio. A Orquestra sinfónica de Angola, a OSIA, é o primeiro projecto de orquestra que se dedica à música angolana a partir dos finais do século XV. O grande objectivo é criar música para todos e unir o pais através da cultura e da arte. Neste momento, há também a vontade de promover a reconstituição da história de Angola através da música, com a recuperação de instrumentos tradicionais e com o resgate da herança musical do país. Já estão identificados mais de 20 instrumentos e agora são precisos apoios para superar o desafio. Para conhecer a orquestra, a RFI falou com Flávio Fonseca, um dos mentores do projecto. . . Ouça aqui a conversa. 

8m
Jan 02, 2024
José Eduardo Agualusa escreve biografia de Chivukuvuku para "compreender melhor Angola"

"Vidas e mortes de Abel Chivukuvuku" é o título da primeira biografia escrita por José Eduardo Agualusa e é também a biografia de um dos políticos mais influentes de Angola. Entrarmos na biografia de Abel Chivukuvuku, ex-militante da UNITA e fundador da CASA-CE, é como abrirmos a porta para uma melhor compreensão da história de Angola, da Angola de hoje. Durante três anos, José Eduardo Agualusa entrevistou e investigou, para escrever a biografia do homem que sobreviveu a duas quedas de avião, um atentado, uma tentativa de linchamento. O livro foi publicado recentemente em Portugal. Na entrevista que concedeu à RFI, em Lisboa, José Eduardo Agualusa aborda temas como os desafios que enfrentou para a concretização da obra (editada pela Quetzal), as revelações que se encontram no livro, as reacções à publicação e as próximas eleições Angola.

15m
Dec 21, 2023
Guiné-Bissau: Alfa Cante nomeado estilista do ano dos países da lusofonia

O estilista guineense, Alfa Cante, de 43 anos, foi nomeado estilista do ano dos Países de Língua Portuguesa, na quarta edição da Gala de Globos de Moda 2023, que se realizou em Lisboa, no final do mês passado, e que distinguiu pessoas de várias categorias. Em entrevista à RFI, Alfa Cante contou-nos um pouco do seu percurso no mundo da moda, ele que que ingressou nesta área em tenra idade e mostrou-se feliz com este reconhecimento que para si é mais uma "vitória". Alfa Cante nasceu na cidade de Bula, na região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau, e já passou por vários países, caso da Dinamarca ou de Portugal, onde continuou a aprofundar os seus conhecimentos profissionais. Em 2014, abriu a sua primeira loja na Guiné-Bissau, denominada Fashion Canté.  Veja AQUI https://fashion-cante3.webnode.pt/meu-trabalho/ a página de Alfa Cante, bem como as suas criações.

12m
Dec 20, 2023
O universo da escritora Djaimilia Pereira de Almeida analisado num estudo

Recentemente, a editora da Universidade do Minho publicou, uma obra disponível on-line coordenada por duas investigadoras, Sandra Sousa e Sheila Khan, socióloga ligada à Escola de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que é a nossa convidada neste programa em que vamos debruçar-nos sobre o universo literário de Djaimilia Pereira de Almeida. Desde 2015, ano em que publicou o seu primeiro livro intitulado https://www.relogiodagua.pt/produto/esse-cabelo/, esta escritora portuguesa de origem angolana nascida em 1982 em Luanda explora na sua literatura a questão da identidade dos afro-descendentes de Portugal, do racismo e da narrativa em torno do passado colonial de Portugal. Na obra colectiva https://ebooks.uminho.pt/index.php/uminho/catalog/book/50, investigadores da área da literatura, dos estudos culturais e da sociologia estabelecidos em Portugal mas também fora, analisam as obras da escritora, nomeadamente ou ainda https://www.relogiodagua.pt/produto/maremoto/, um livro sobre o percurso de Boa Morte da Silva, arrumador de carros em Lisboa que, no passado, foi combatente dos comandos guineenses sob a bandeira portuguesa durante a guerra de libertação. Foi sobre este livro que a investigadora Sheila Khan reflectiu e escreveu na obra dedicada à escrita de Djaimilia Pereira de Almeida.  Para a socióloga,. Ao situar a obra de Djaimilia Pereira de Almeida num contexto em que outras vozes como a de Luísa Semedo https://www.rfi.fr/pt/cabo-verde/20191016-os-enredos-de-luisa-semedo-em-o-canto-da-moreia, Patrícia Moreira, Paulo Faria https://www.paulofaria.org/, Joaquim Arena e também Lídia Jorge, também enunciam as realidades descritas pela jovem escritora, Sheila Khan considera que a sua obra aponta as omissões e as ausências da sociedade portuguesa para com a sua população afro-descendente. , considera Sheila Khan. Na óptica da estudiosa que dá conta de alguma ausência de bases de compreensão das jovens gerações relativamente à sua história e ao seu presente,.

28m
Dec 12, 2023
Pianista Máximo Francisco apresenta os seus "Greatest Hits" em Paris

O pianista e compositor português Máximo Francisco actuou na terça-feira, 28 de Novembro, no Sunset, em Paris. Fomos descobrir o seu disco de estreia intitulado , reúne composições que o pianista escreveu entre os 9 e 19 anos. Máximo Francisco, 20 anos, acaba de publicar o primeiro álbum "Greatest Hits". Um disco que engloba 12 títulos que escreveu entre os 9 e 19 anos. São dez anos da vida do pianista e músicas que compôs como reflexo que ia acontecendo à sua volta. , explicou-nos Máximo. Ao longo dos últimos anos, que não ficaram na memória de Máximo Francisco. Este primeiro álbum , explica o pianista, acrescentando que A primeira música do álbum, foi composta aos nove anos. Neste álbum explica. Máximo Francisco estudou piano clássico e composição no Conservatório de Lisboa até aos 18 anos. Nos últimos dois anos está a estudar composição de jazz, em Roterdão. O pianista descreve que o jazz foi sempre algo que foi aprendendo sozinho em casa; . descreve. A maneira como Máximo Francisco compõe é, como nos conta, porque acredita que a criação é uma coisa que se faz por reflexo; Até ao final deste ano, Máximo Francisco vai lançar dois singles; o tema e Em 2024, o pianista e compositor português vai lançar um novo EP, ainda em processo criativo, um álbum dedicado ao planeta terra e às questões climáticas. 

20m
Dec 10, 2023
A liberdade de Tchalé Figueira e a construção de "Breve História Colonial e Outras Memórias"

Um retrato do mundo onde o discurso visual se assume como comprometido e denunciante, é uma definição possível para o conjunto de trabalhos que Tchalé Figueira reúne em "Breve História Colonial e Outras Memórias". Na exposição que apresenta no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, até 12 de Janeiro, Tchalé Figueira não deixa nada por dizer e obriga o fruidor a lidar com uma narrativa que nos escancara incoerências e atrocidades. No trabalho de Tchalé Figueira, os corpos disformes reclamam e alertam, a palete de cores enfatiza como as atrocidades do passado ensombram o presente. Na exposição do artista cabo-verdiano, o colonialismo, o racismo, o nazismo, a Igreja ganham protagonismo nas telas; a amnésia colectiva não pode apagar a desumanidade. A RFI falou com Tchalé Figueira sobre "Breve História Colonial e Outras Memórias". VEJA AQUI ALGUMAS DAS OBRAS DO ARTISTA CABO-VERDIANO QUE ESTÃO EM EXPOSIÇÃO NO CCCV EM LISBOA:

10m
Dec 09, 2023
Kriolish quer levar o crioulo ao mundo

A Kriolish nasce, em 2019, pelas mãos dos cabo-verdianos Edmar Gonçalves e Suely Neves. A plataforma digital que começa por ser "dicionário urbano" é hoje uma ferramenta indispensável para a população cabo-verdiana/americana que quer aprender o crioulo. Edmar Gonçalves, co-fundador da Kriolish, fala da utilidade da plataforma e dos projectos futuros, nomeadamente as aulas de crioulo on-line. RFI: COMO É QUE SURGE A IDEIA DE CRIAR O KRIOLISH? EDMAR GONÇALVES, CO-FUNDADOR DA KRIOLISH: O projecto nasce em 2019 e, na altura, a ideia era criar um espaço online, onde todos os falantes de crioulo podem-se entrar, com uma conta cadastrada, e partilhar expressões com valor histórico e nacional. A Kriolish começou por ser um "diccionário urbano" para partilhar a diversidade da nossa língua. QUE UTILIDADE TEM ESTA PLATAFORMA PARA A DIÁSPORA CABO-VERDIANA? O que observamos é que as pessoas procuram um nível de conexão com as raízes e as expressões que encontram no nosso website dão-lhe acesso à cultura cabo-verdiana. Recentemente, lançamos o "translaition", um dicionário de traduções de inglês para o crioulo, uma ferramenta para a população cabo-verdiana/americana que quer aprender o crioulo. QUEM É QUE VOS PROCURA E CONTRIBUIU COM ESSAS EXPRESSÕES CRIOULAS? São os nativos de Cabo Verde, aqueles que falam crioulo desde a nascença. Todavia, as pessoas que pesquisam as expressões [ no website] são do mundo inteiro. Quando analisamos as visitas que são feitas ao site, apercebemo-nos que temos visitantes da Holanda, de Portugal, do Luxemburgo, de Cabo Verde e dos Estados Unidos. A PLATAFORMA TEM EM CONTA A EXISTÊNCIA DE VÁRIAS VARIANTES DO CRIOULO CABO-VERDIANO, DISPONIBILIZANDO AS TRADUÇÕES NAS VARIANTES DO BARLAVENTO E DO SOTAVENTO... Sim, exactamente. Cada ilha tem a sua variante. Então a forma mais eficiente que encontramos, para dar essa ideia de diversidade da nossa língua e, ao mesmo tempo, respondermos aos utentes, foi encontrar uma variante [do Crioulo] mais representativa nas ilhas do Barlavento e outra do Sotavento. A KRIOLISH TAMBÉM SE TEM REVELADO ÚTIL PARA PESSOAS QUE OCUPAM CARGOS PÚBLICOS E QUE PROCURAM ENVOLVER-SE COM A COMUNIDADE CABO-VERDIANA LOCAL, COMO É FEITA ESSA INTER-ACÇÃO? Sem dúvida. Especialmente, na cidade onde eu vivo, em Brockton, no estado do Massachusetts, 70% da população é cabo-verdiana. Então, se a pessoa quer ser eleita tem de interagir com a população local. A forma mais efectiva para chegar a esse público é através do crioulo. A Kriolish quer providenciar esse serviço às pessoas que ocupam cargos públicos, mas também às pessoas que prestam serviços de emergência. É preciso lembrar que nem todos os cabo-verdianos, que residem nos Estados Unidos, falam inglês fluentemente. Essas pessoas também procuram aprender a falar crioulo de forma a prestar os melhores serviços. TÊM ENCONTRADO ALGUMAS DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DESTE PROJECTO? Temos muitas ideias, mas a falta de financiamento, por vezes, torna tudo mais difícil. Outra dificuldade é a divulgação do projecto. O VOSSO OBJECTIVO É FACILITAR O ACESSO À LÍNGUA CABO-VERDIANA? Sim, um  acesso ao crioulo a qualquer hora e de qualquer local no mundo. Por isso, estamos a criar uma plataforma que é de natureza tecnológica. Hoje a tecnologia está presente nas nossas vidas e em todas as actividades. É importante ter uma presença no mundo digital para abrangermos mais pessoas. O FACTO DA LÍNGUA CABO-VERDIANA AINDA NÃO SER UMA LÍNGUA OFICIAL E DE NÃO EXISTIR, DE FACTO, UMA PADRONIZAÇÃO NA ESCRITA DO CABO-VERDIANO, REPRESENTA ALGUMA DIFICULDADE PARA AS TRADUÇÕES? Um dos pedidos dos utilizadores da nossa plataforma é a tradução do crioulo para o inglês. Nesses casos, a dificuldade reside no facto de não existir um critério único na escrita do crioulo. No entanto, já estamos a pesquisar, mesmo em termos tecnológicos, algumas soluções para resolver esse problema. OUTROS SERVIÇOS SERÃO LANÇADOS EM BREVE? Vamos lançar aulas on-line. Essas aulas já estão gravadas e  estão disponíveis a qualquer hora e de qualquer lugar. ESSAS AULAS SERÃO GRATUITAS? Umas serão gratuitas, outras terão de ser pagas. Estamos a trabalhar com professores que já dão aulas de crioulo e essas aulas serão dadas na aplicação Zoom. A KRIOLISH FOI CO-FUNDADA POR EDMAR GONÇALVES E SUELY NEVES. ACTUALMENTE, A EQUIPA É COMPOSTA POR CINCO PESSOAS QUE RESIDEM EM CABO VERDE E NOS ESTADOS UNIDOS. A IDEIA, NO FUTURO, É ALARGAR A EQUIPA? Precisamos de mais engenheiros, mais pessoas para trabalhar no marketing e criar novos conteúdos. Outra dificuldade que temos é a falta de informação sobre os nossos utilizadores e precisamos de pesquisar para compreender melhor as necessidades do nosso público-alvo.

6m
Dec 06, 2023
“Cesária Évora, a diva dos pés descalços” estreia em França

Estreia, esta quarta-feira, 29 de Novembro, nas salas de cinema francesas, o filme “Cesária Évora, a diva dos pés descalços” realizado por Ana Sofia Fonseca. O filme conta com imagens inéditas e testemunhos dos que conheceram Cesária Évora.  Em entrevista à RFI, JANETE ÉVORA, NETA DA CANTORA CABO-VERDIANA, fala numa “retrospectiva à vida familiar”, que a levou inclusive a perceber o seu diagnóstico de bipolaridade. “Uma viagem ao meu passado, aumentando a minha conexão com a minha ancestralidade… o respeito por ela [Cesária Évora]”, acrescenta Janete Évora. O filme “Cesária Évora, a diva dos pés descalços” é uma viagem à intimidade da cantora, viagem essa que mostra igualmente questões como a solidão e o álcool. A neta de Cesária Évora sublinha que, nos tempos que correm, é importante “mostrar as vulnerabilidades e tocar nas feridas”. Da conta do desconforto de entrar na intimidade, mas “ao mesmo tempo é libertador. Ela [Cesária Évora] com todos os problemas que teve, conseguiu ser aquilo”, conseguiu singrar.  JOSÉ DA SILVA, AGENTE DE CESÁRIA ÉVORA, deu um contributo importante para a construção deste filme, tanto com o seu testemunho como nas cassetes repletas de imagens que gravou ao longo das tournées.  “É um documentário muito bem feito, focado na pessoa da Cesária”, evidencia José da Silva que acrescenta que “gostou muito do resultado”. Mesmo assim, não esconde a emoção de ver e rever o documentário: “é sempre difícil! Já vi pelo menos umas dez vezes e de cada vez que vejo fico emocionado. Estão ali todos estes anos de trabalho, momentos formidáveis e também momentos tristes e difíceis.”  O filme “Cesária Évora, a diva dos pés descalços” realizado por Ana Sofia Fonseca chega esta quarta-feira às salas de cinemas francesas, a França que era “a segunda casa” de Cesária Évora.

11m
Nov 27, 2023
Carlos G. Lopes celebra "a riqueza" da dupla cultura no álbum "Azul"

O cantor franco-cabo-verdiano Carlos G. Lopes lançou este mês o seu novo álbum "Azul" e em entrevista à RFI falou sobre a importância de cantar pela primeira vez em francês e crioulo, a saudade e a presença cada vez maior de Cabo Verde em França. Carlos G. Lopes descreve o seu novo álbum "Azul" como fogo-de-artifício, uma mistura de jazz e R&B com os sons tradicionais de Cabo Verde como o funáná, criando "uma nova onda", diferente do seu primeiro álbum "Kanta Pa skece". Uma grande diferença é também cantar pela primeira vez em francês, língua que é sua desde os 10 anos, altura em veio viver para França. "", explicou em entrevista à RFI. Cantar e escrever nas duas línguas é natural para quem tem memórias nos dois países. "", indicou. Para o cantor, esta dupla cultura é "uma riqueza". "", declarou. O primeiro avanço deste álbum é "Sodadi", um tema maioritariamente cantado em francês, com o vídeo a ter sido gravado em Cabo Verde, na aldeia de onde é originário o músico. "", disse. "Azul" é também uma ponte entre o passado, o presente e o futuro da música de Cabo Verde com participações de Zeca Di Nah Reinalda, conhecido como o Rei do Funáná, e o rapper Takinuz. Para Carlos G. Lopes o contributo dos artistas na diáspora serve também para enriquecer a histórica da música cabo-verdiana. "", contou. Em França, a música cabo-verdiana tem feito uma grande progressão especialmente graças ao trabalho de Cesária Évora e das suas equipas que mudaram a imagem do país em terras gaulesas. "", declarou. No dia 01 de Dezembro, Carlos G. Lopes vai fazer o lançamento ao vivo do seu álbum, em Paris, no Studio Ermitage, esperando actuar já em 2024 em salas em França, Portugal e Cabo Verde.

16m
Nov 22, 2023
Alice Ripoll mostrou em Paris uma “zona franca” para a dança e o pensamento

A coreógrafa brasileira Alice Ripoll apresentou as peças e no Festival de Outono, em Paris. A RFI conversou com esta “cronista" da dança contemporânea brasileira que reivindica uma “zona franca” no mundo da dança para “devorar a vida” e acordar o público. A coreógrafa brasileira Alice Ripoll tem criado uma “zona franca” para a dança, um espaço de liberdades e questionamentos estéticos, sociais e políticos. é precisamente o nome do seu mais recente espectáculo, que veio apresentar ao Centquatre, em Paris, de 9 a 11 de Novembro, com a companhia Suave, no âmbito do Festival de Outono. Um evento que também foi buscar para o seu cartaz uma outra peça de 2017, , criado com a outra companhia que Alice Ripoll dirige, a REC. Os dois espectáculos mostram o fervor criativo de bailarinos oriundos das favelas do Rio de Janeiro e espelham as aspirações da juventude num Brasil de desigualdades. Em , as danças urbanas e populares do país cruzam-se com a dança contemporânea, mas há também teatro e canto. Vários intérpretes em palco entregam-se a uma festa com balões e confettis, um ritual que é uma caixa aberta de ritmos e emoções. Mais uma vez, este é um espectáculo polissémico, feito de camadas e significados, a começar pelo título. “”, descreveu Alice Ripoll à RFI no final de uma das representações no Centquatre. Esta é ainda uma “zona franca” em que se questiona a própria questão da autoria, em tempos vorazes guiados pela velocidade-luz da internet. É como uma “”, sem impostos, em que a juventude pode reinventar a dança e a música a partir de trocas e apropriações de conteúdos que lhes chegam pelas redes sociais/virtuais. E é, também, uma “zona franca” em que não há fronteiras entre dança, teatro, música e performance. “”, continua Alice Ripoll. No espectáculo, há momentos de êxtase colectivo, em que os corpos se libertam e outros em que os bailarinos se devoram. É uma fome e uma ânsia de viver que acaba por ter algo de profundamente político num Brasil que se reiventa. “”, sublinha a artista. Mais do que coreógrafa e encenadora, Alice Ripoll é uma “cronista” da dança que se inventa todos os dias no Brasil. O seu trabalho consiste em criar composições a partir dos esboços que os bailarinos lhe apresentam, numa espécie de associação livre de gestos que ela - antiga estudante de psicanálise – transcreve para pôr a dança a olhar para dentro: a tal zona franca onde os bailarinos transformam as suas experiências e memórias em imagens e movimentos. “”, explica Alice Ripoll. Ainda não se defina como militante, as suas peças são políticas. A violência racial e política lê-se, por exemplo, nos movimentos lentos e contemplativos do espectáculo , uma peça em que o público é convidado a despertar do conforto de ser público e a participar na performance.  Em , a explosão de energia e de alegria colectiva esconde, nas entrelinhas, uma fuga urgente e descarada a qualquer tipo de opressão e, talvez por aí, uma forma de resistência política. As peças e  estiveram, em cartaz, no Festival de Outono, em Paris, entre 8 e 12 de Novembro. Em 2021 e 2022, Alice Ripoll também foi convidada a apresentar a peça no mesmo festival.

10m
Nov 13, 2023
Portuguesa Lídia Jorge após prémio literário em França com "Misericórdia"

A escritora portuguesa Lídia Jorge foi consagrada em França a 9 de Novembro de 2023 com o prestigioso Prémio Médicis de romance estrangeiro com o livro "Misericórdia". Um prémio obtido ex aequo com a sul-coreana Han Kang para "Impossibles Adieux". Um galardão que é atribuído desde 1970 e que, pela primeira vez recompensa um escritor lusófono, e que foi, pois, para esta nativa do Algarve, que na sua trajectória viveu também em Angola e em Moçambique.   "Misericórdia" é um livro que, na sua versão original, publicada no ano passado em Portugal, vai na sexta edição sob a chancela da D. Quixote. A versão francesa foi lançada em Setembro passado pela editora Métailié, com tradução de Elisabeth Monteiro Rodrigues. A autora reagindo à atribuição desta recompensa alega que tal a ajuda a dizer a si própria  que tudo o que tem feito tem algum sentido. Lídia Jorge afirmava à rfi estar muitíssimo feliz com o presente que a cultura literária francesa lhe estaria a dar. A RFI que tinha recebido em Setembro passado a autora, precisamente, para o lançamento desta versão francesa de "Misericórdia". Propomos-lhe ouvir a reacção da autora e de voltar a essa entrevista de Lídia Jorge. A escritora portuguesa que nos brindou, mesmo, com a leitura do início do seu livro. Uma obra já muitas vezes recompensada, e que agora obtém este prestigioso prémio em França: o Médicis de romance estrangeiro.

19m
Nov 10, 2023
Lusafrica celebra 35 em Paris com estrelas da editora e público entusiasta

A Lusafrica trouxe até Paris algumas das suas maiores estrelas para celebrar os 35 anos desta editora fundada por José da Silva. A RFI esteve presente e falou com os talentos cabo-verdianos e ouviu também o público. A editora Lusafrica celebrou em clima de festa os seus 35 anos de actividade. Em Paris, onde esta editora foi fundada, encheu na semana passada uma das salas da Belleviloise e trouxe até à capital francesa algumas das suas maiores estrelas. Entre mornas, funaná, ritmos latinos, mas também música urbana, a Lusafrica não esqueceu o passado, tendo nascido como motor para o lançamento da carreira internacional de Cesária Évora, mas quis apontar o caminho para o futuro. Uma noite que correu muito bem, segundo a cantora Lucibela, com a França a ser sempre uma porta para o Mundo para o talento de Cabo Verde. "", disse Lucibela. A percorrer França está actualmente Ceuzany, cantora que gravou uma música com o cantor francês Christophe Mae, e que está actualmente em tourné por terras gaulesas. "", declarou Ceuzany. Com um novo álbum lançado este ano, Elida Almeida também esteve presente nesta festa em Paris, não esquecendo a importância da música na construção de um futuro melhor para Cabo Verde e a importância que a música tem para o país. "", disse Elida Almeida. A festa continuou até de madrugada e com todos os presentes a desejarem que esta editora continue a fazer a ponte entre Cabo Verde e França.

7m
Nov 08, 2023
Viagem na 'Saudade' sentida e cantada por Kavita Shah em "Cape Verdian Blues"

Hoje, mergulhamos no universo musical de Kavita Shah, jovem cantora, compositora e estudiosa de etnografia musical de Nova Iorque, com origens indianas. Formada em Harvard e fluente em 9 línguas, nomeadamente o francês, o espanhol, o português e o crioulo de Cabo Verde, Kavita Shah poderia ser descrita como uma pessoa guiada pela curiosidade. A sua curiosidade por outros mundos e outras culturas, uma curiosidade alimentada por uma infância numa família de editores indianos estabelecidos na Big Apple, vai levá-la muito nova a aprender o piano e a cantar num coro, antes de se impregnar das sonoridades dos lugares que vai conhecendo mais tarde, como o Brasil ou ainda Cabo Verde. Cerca de 10 anos depois do primeiro disco com sonoridades jazz intitulado "VISIONS" https://www.youtube.com/watch?v=o5AKS6Q_UUs e depois também de participar noutros projectos, Kavita Shah acaba de lançar nestas últimas semanas o seu novo disco, "CAPE VERDIAN BLUES" https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_k_QQpX-NpHb1AJ6Rg3daiY1quJMUuNKRE, que como o nome indica é o fruto das suas andanças em Cabo Verde. Antes de falarmos deste trabalho cuja musa é Cesária Évora e aquela suave nostalgia a que chamamos decidimos fazer o percurso que levou Kavita Shah até Cabo Verde, porque o que interessa não é só o destino, é também a própria viagem. Uma viagem cuja primeira etapa foi o"YOUNG PEOPLE'S CHORUS OF NEW YORK CITY" https://www.youtube.com/@YPCofNYC, o coro infantil de Nova Iorque, quando tinha dez anos. Uma escolha, conta Kavita Shah. , conta a artista. Ao recordar o seu primeiro contacto com a lusofonia, a cantora diz que foi através de uma canção brasileira aprendida na escola que, meses depois, acabou por cantar num palco, durante uma viagem a Goa. Era ainda uma menina. , lembra a cantora. Anos depois, então estudante de literatura, Kavita Shah, vai morar uns tempos para o Brasil. Esse período vai marcar uma viragem em vários sentidos, nomeadamente porque é nessa altura que vai assistir a um espectáculo que vai mudar a sua vida, um concerto de Cesária Évora. , recorda a cantora que daí por diante, vai querer conhecer melhor as sonoridades de Cabo Verde. Uma música cantada por Cesária Évora, 'Sodade' vai tocar numa corda sensível de Kavita Shah que vai incluir esse título no primeiro álbum "VISIONS" em 2014, bem como no seu novo trabalho "CAPE VERDIAN BLUES". , confessa a artista. O sonho de conhecer Cabo Verde acontece finalmente em 2016. Aí, vai conhecer a família musical de Cesária Évora, nomeadamente o guitarrista Bau. , recorda Kavita Shah ao contar que foi um amigo que sugeriu a ideia de fazer um disco a partir das suas sessões de pesquisa com Bau. Para além do conhecido guitarrista, "CAPE VERDIAN BLUES" também conta com os contributos dos artistas cabo-verdianos Miroca Paris e Fantcha, este disco colorindo com os tons da 'Morabeza" músicas vindas de outros horizontes, como "FLOR DE LIS" do artista brasileiro Djavan e "CHAKI BEN", uma canção de embalar tradicional indiana. , diz a compositora. Com 12 faixas, o disco tem estado a ser apresentado em concertos nos Estados Unidos e em Portugal, antes de seguir para Cabo Verde. KAVITA SHAH VAI ACTUAR NOS DIAS 10 E 11 DE NOVEMBRO NA CIDADE DA PRAIA E NO DIA 17 NO MINDELO ANTES DE CANTAR NO DIA 2 DE DEZEMBRO NA SALA DO "BAL BLOMET" https://www.balblomet.fr/evenement/cape-verdean-blues/edate/2023-12-02/ AQUI EM PARIS. Apesar de um ritmo, Kavita Shah tem outro horizonte, longínquo, mas que guarda num cantinho da mente: um disco que gravou há tempos com o seu quinteto. As sonoridades são jazz, com sabor a viagem. , diz a artista referindo contudo que, para já, não perde o foco. , diz num sorriso.

32m
Nov 02, 2023
"Ópera hip-hop" angolana é “manifesto político” para maior diversidade em palco

“As aventuras do Angosat” é uma “ópera hip-hop” do artista angolano Ísis Hembe que acompanha a jornada de um astronauta em busca de vida inteligente além da Terra. A obra cruza códigos das culturas urbanas com elementos mais clássicos e tenta redefinir a noção de belo a partir da diversidade funcional e do design universal, dois conceitos centrais que fazem da peça um “manifesto político”, como nos explicou o seu autor. , começa por resumir Ísis Hembe. O que é uma ópera hip-hop? O autor e músico de hip-hop resume que se trata de “” que resulta de “”, em que se cruzam “” com a cultura do hip-hop, com o “” e com o uso de “”. “”, acrescenta Ísis Hembe. O autor da peça, que também é a personagem principal, sublinha que além de provocarem, os participantes também se deixaram influenciar por provocações inerentes à própria obra. Uma das “” que mais mexeu com ele, por exemplo, foi a utilização, como personagem da peça, de “”, ou seja, “” para um público mais habituado a ouvir. Ísis Hembe conta, ainda, que a obra junta várias pessoas com deficiência e tem "” dentro e fora do palco, ou seja, “” e participar. “” Este é também um olhar político que derruba cânones estéticos e sociais, acrescenta Ísis Hembe. “As aventuras do Angosat” foi encenado pela artista brasileira Fernanda Farah e esteve em cartaz no Festival inclusivo de artes “No Meu Mundo’’, que decorreu no Animart, Centro de Animação Artística do Cazenga, em Luanda, no mês de Outubro.

10m
Oct 31, 2023
Ismael Hipólito Djata, pintor e galerista na Guiné-Bissau

A RFI foi conhecer no passado mês de Setembro, em Bissau, a pintura e igualmente a galeria de arte dirigida por Ismael Hipólito Djata e o irmão Lemos Djata, também ele artista e que, aliás, foi recentemente galardoado aqui em Paris com o diploma e "Medalha de Vermeil" da Sociedade Académica de Educação e de Encorajamento da França. Esta galeria que surgiu há cinco anos no mercado de artesanato de Bissau, assume-se como um espaço inédito e destoa com as restantes propostas do local onde se concentram as vendas de estatuetas, jóias e objectos de decoração produzidos localmente. Para além de dar a conhecer o trabalho de Lemos e de Ismael Djata, este espaço apresenta as telas e aguarelas de diferentes artistas do país. Entrar neste pequeno espaço repleto de quadros que se assemelha a uma galeria de pequenos tesouros, é entrar também em diferentes espaços mentais paralelos feitos de sentimentos, sonhos garridos e olhares que nos interrogam.  Ao guiar-nos na visita deste espaço, Ismael Hipólito Djata, explicou-nos o que o levou a criar esta galeria de arte em Bissau juntamente com o irmão, depois de ter estudado em Portugal e ter vivido uns tempos em Londres. , começa por explicar o pintor ao referir ter escolhido estabelecer-se no seu país, por considerar que pode ser útil. , sublinha Ismael Hipólito Djata. , diz o artista que refere gostar particularmente de pintar as mulheres e as crianças por causa. O pintor cujo estilo é hiper-realista, diz basear-se frequentemente em fotografias mas refere que por vezes Ao evocar as actividades da galeria que apresenta as suas obras mas também de outros artistas nacionais, Ismael Hipólito Djata refere que também dá aulas de pintura. , explica o artista ao referir que quem tem meios financeiros paga as aulas enquanto outros alunos, com mais dificuldades, recebem formação gratuitamente. Ismael Hipólito Djata também dá conta do papel social que a arte pode ter. , refere o galerista. Questionado sobre os desafios que tem enfrentado ao instalar a sua galeria de arte em Bissau, Ismael Hipólito Djata refere que um dos maiores obstáculos com que se deparou é a falta de informação do público sobre as artes plásticas., lamenta. , conclui Ismael Hipólito Djata referindo já de olhos postos noutro projecto, a construção de um centro cultural no seu país.

21m
Oct 24, 2023
Retrospectiva de artista congolês Chéri Samba no museu Maillol em Paris

A exposição  reúne mais de cinquenta obras em grande formato e é anunciada como a primeira retrospectiva do pintor congolês. A exposição ocupa os dois pisos do museu Maillol, em Paris, e aborda cinco temáticas: Auto-retratos, A mulher, Kinshasa, Congo e África, Geopolítica, História da arte revista e corrigida. reage Chéri Samba à retrospectiva que lhe é dedicada desde terça-feira, 17 de Outubro, no museu Maillol, em Paris. Durante o século XX, Chéri Samba tornou-se num dos pintos mais celebres, uma das figuras incontornáveis da arte popular congolesa e da arte urbana dos anos 70. Chéri Samba assume-se comopintor-jornalistaconta. Chéri Samba descobre cedo a sua vocação pelo desenho, deixa a escola aos 16 anos para se instalar em Kinshasa, onde começa a trabalhar na área da publicidade e cria as suas primeiras bandas desenhadas. Em 1975, abre o seu atelier e dá os primeiros passos na pintura figurativa e narrativa, sempre coloridas, incorporando textos em lingala, em kikongo e em francês. A obra de Chéri Samba alimenta-se da actualidade, que interpela, denuncia, caricatura e provoca, sempre com recurso ao humor. conta-nos o pintor, que retrata há mais de quarenta anos o dia-a-dia, expondo conflitos sociais, morais e políticos. , acresenta Chéri Samba. A obra do pintor congolês vive uma reviravolta em 1989 com a exposição no Centro Pompidou, que apresenta pela primeira vez artistas dos cinco continentes. Passadas vários anos, é aqui em Paris, no museu Maillol, que Chéri Samba se volta a encontrar com mais de 50 das suas obras, , como diz. , conta. As guerras preocupam Chéri Samba, ele que diz não perceber que haja , admite o artista congolês. O artista plástico guineense, Nú Barreto, descreve Chéri Samba como, acrescentando que  No celebre tríptico obra apresentada em 1997, Chéri Samba critica a falta de representação de artistas africanos nos museus ocidentais. De forma provocadora, o artista congolês questiona se esta indiferença das instituições não revela uma forma de racismo. À pergunta colocada em 97 - Chéri Samba diz já ter encontrado a resposta. concluiu. Quando Chéri Samba evoca no seu trabalho a ausência da arte africana em país ocidentais, ele força países a desenvolverem-se como foi o caso acrescenta Nú Barreto. A exposição "Chéri Samba - na colecção de Jean Pigozzi" https://museemaillol.com/expositions/cheri-samba/ pode ser vista no museu Maillol até 7 de Abril do próximo ano.

10m
Oct 18, 2023
Coreógrafa Acauã Shereya apresentou peça autobiográfica em Paris

A coreógrafa e performer brasileira Acauã Shereya apresentou o espectáculo “Além de vocês, o que tem para comer hoje?” no Festival Excentriques, no centro de dança La Briqueterie, em Vitry-sur-Seine, a 5 e 6 de Outubro. A peça é uma performance autobiográfica de uma artista trans que quer levar para o teatro mais corpos racializados e LGBTQIA+. O espectáculo de dança e performance “” foi apresentado no Festival Excentriques, no centro de dança contemporânea La Briqueterie, em Vitry-sur-Seine, a 5 e 6 de Outubro. A RFI esteve à conversa com Acauã Shereya, em companhia de Di Candido [aka DIDI] que assina a composição musical. A dramaturgia nasceu da chamada “gambiarra”, ou seja, da falta de apoios institucionais e do desenrasque que é motor de criatividade em comunidades esquecidas pelo poder. “”, conta a artista. “”, continua Acauã Shereya. Por sua vez, DIDI também se inspirou da “gambiarra” que define como “”. O objectivo é, também, “” que lhes tinham sido “destituídos” e levar performances subversivas de género para as salas de teatro. “”, acrescenta DIDI. Acauã Shereya é coreógrafa, performer e artista visual. Nascida em Fortaleza, no Brasil, foi educada por mulheres e pelo avô artesão. Formada em Teatro no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil, onde foi professora de 2013 a 2015, formou-se também no programa “Performing Arts Advanced Programme”do Fórum Dança, em Lisboa, em 2019. Fez, ainda, um mestrado no Centro Coreográfico Nacional de Montpellier (CCN Montpellier), em França, e está actualmente em residência na Briqueterie. Foi no âmbito do CCN Montpellier que criou os projectos "Além de você, o que tem para comer hoje?" e "Nuages clouds Nuvens Intergalactic”. Actualmente, é intérprete em peças dos coreógrafos brasileiros Calixto Neto e Luara Raio e também na nova criação da coreógrafa marfinense Nadia Beugré.

14m
Oct 06, 2023
'Abotcha', a mediateca que deu outra vida a Malafo, no centro da Guiné-Bissau

Malafo é uma pequena povoação do interior da Guiné-Bissau. Chega-se lá por caminhos de terra sombreados de espessa floresta e, no meio de um terreno de onde brotam árvores de fruto, fica a mediateca 'Abotcha' que significa literalmente 'sobre o chão'. Um espaço que desde a sua inauguração há pouco mais de um ano, em Setembro de 2022, trouxe mudanças na vida da comunidade. Criada com o apoio do realizador guineense Sana Na N'Hada, e da cineasta portuguesa Filipa César, a mediateca 'Abotcha' dispõe nomeadamente de uma biblioteca e de computadores, onde se pode ler e estudar. Algo notável nesta comunidade relativamente isolada, refere o impulsionador e director da mediateca, Amadeu Pereira na Onça, antigo funcionário e primo de Sana Na N'Hada, que realizou o sonho de dar algo mágico à sua aldeia. , começa por referir o fundador dessa estrutura. , explica Amadeu Pereira na Onça referindo-se nomeadamente às projecções dos primeiros filmes de Flora Gomes e de Sana Na N'Hada sobre o período da guerra de independência, uma das actividades organizadas pela mediateca. Relativamente a outra componente muito forte da mediateca Abotcha, o cultivo da terra e a sensibilização para a protecção do meio ambiente, o director da estrutura refere que, nomeadamente árvores de frutas. Amadeu Pereira na Onça, que não esconde sentir orgulho por dirigir a mediateca, sublinha que ela Para o dirigente da mediateca, de olhos postos noutros projectos, trata-se agora é desenvolver actividades de formação nesse espaço. conclui Amadeu Pereira na Onça. EIS A VISITA DA MEDIATECA COM IMAGENS:

16m
Oct 03, 2023
“O corpo é uma catedral” na Bienal de Dança de Lyon

O espectáculo “Liberté Cathédral” constrói uma arquitectura humana, um edifício que dança e se equilibra em torno de gestos, contacto e sons. Esta é uma catedral que não tem paredes, mas que se ergue com os mais de 20 bailarinos porque “o corpo é uma catedral e liberdade”, resume uma das intérpretes, a brasileira Naomi Brito. A peça foi apresentada na Bienal de Dança de Lyon e é uma criação do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, do seu novo director Boris Charmatz e da companhia Terrain. RFI: COMO É QUE DESCREVE ESTA PEÇA? NAOMI BRITO, BAILARINA: PORQUE É QUE O ESPECTÁCULO SE CHAMA “LIBERDADE CATEDRAL”? A PEÇA ESTÁ DIVIDIDA EM VÁRIAS PARTES QUE TAMBÉM CONSTROEM O EDIFÍCIO DE UMA CATEDRAL. PRIMEIRO OS CÂNTICOS, DEPOIS OS SINOS, DEPOIS OS ÓRGÃOS, DEPOIS OS SILÊNCIOS E A MÚSICA DE PEACHES, ANTES DE TUDO PARECER DESABAR PARA SE VOLTAR A REERGUER GRAÇAS AO CORPO COLECTIVO. COMO É QUE FOI CRIAR TODOS ESTES ESPAÇOS E A EVOLUÇÃO ENTRE ELES? COMO É QUE VÊ O SEU PAPEL, A SUA PARTITURA NESTA PEÇA? QUE EMOÇÕES SENTIU E QUER PARTILHAR COM O PÚBLICO? AQUI A CATEDRAL NÃO É, DE CERTA FORMA, O OPOSTO DE LIBERDADE? A EXPRESSÃO DA OPRESSÃO, NOMEADAMENTE COM O CAPÍTULO DOS SILÊNCIOS? PORQUE ESTES SILÊNCIOS TÊM UM PESO… O QUE É QUE ELES SIGNIFICAM? [Naomi fica em silêncio] ESSE SILÊNCIO, NA PEÇA, PARECE REMETER PARA OS ABUSOS SEXUAIS NA IGREJA… [Silêncio] A PEÇA SURGE DEPOIS DE TERMOS VIVIDO A PANDEMIA E DEPOIS DE OS CORPOS TEREM SIDO OBRIGADOS A CONFINAR-SE E A AFASTAR-SE UNS DOS OUTROS. O COREÓGRAFO BORIS CHARMATZ FALOU NA FRASE BÍBLICA DE CRISTO PARA MARIA MADALENA [], DEPOIS DA RESSURREIÇÃO… NESTA PEÇA, VOCÊS TOCAM O PÚBLICO, VOCÊS INTERAGEM COM O PÚBLICO. É UM APELO AO REENCONTRO? COMO É QUE O PÚBLICO REAGE? O PÚBLICO AINDA ESTÁ “PRESO”? PORQUÊ? COMO É TRABALHAR NA COMPANHIA CRIADA POR PINA BAUSCH SEM PINA BAUSCH? O QUE SUBSISTE DE PINA BAUSCH? COMO É QUE SE TRANSMITE ESSA PRESENÇA? SÃO OS BAILARINOS QUE AINDA LÁ ESTÃO E QUE TRABALHARAM COM ELA? ESTA É A PRIMEIRA CRIAÇÃO DE BORIS CHARMATZ PARA O TANZTHEATER WUPPERTAL PINA BAUSCH, ELE QUE É O NOVO DIRECTOR ARTÍSTICO DA COMPANHIA. COMO FOI TRABALHAR COM ELE? O QUE É QUE MAIS APRENDEU? QUANDO ESTAMOS A VER TODA A PEÇA, VEMOS UM CORPO COLECTIVO, MAS SENTIMOS AS EMOÇÕES DE CADA BAILARINO INDIVIDUALMENTE. COMO É CONSTRUIR ESSE CORPO COLECTIVO, PARTINDO DE CADA UM? E COMO FOI O PROCESSO DE CRIAÇÃO DA PEÇA? PARECE QUE É TUDO MUITO IMPROVISADO, MAS ESTÁ TUDO ESCRITO. QUANDO TOCAVAM OS SINOS, A NAOMI TINHA UM GESTO REPETITIVO. QUE GESTO ERA ESSE? [Risos] DURANTE A SUA VIDA, PINA BAUSCH QUIS INTEGRAR BAILARINOS DIFERENTES, COM FORMAÇÕES DIFERENTES, CORPOS DIFERENTES. A NAOMI É A PRIMEIRA BAILARINA TRANSGÉNERO DA COMPANHIA, QUE INTEGROU EM 2020. O QUE REPRESENTA? [Risos] O QUE É QUE ISSO QUER DIZER? A DANÇA PODE CONTRIBUIR PARA MUDAR O OLHAR DAS PESSOAS E PARA INTEGRAR CORPOS QUE ATÉ AGORA FORAM INVISÍVEIS? OU SEJA, FOI A ARTE QUE LHE DEU O SEU ESPAÇO? E PARA TERMINARMOS, QUANDO É QUE COMEÇOU A DANÇAR E O QUE É QUE A DANÇA REPRESENTA PARA SI?

9m
Sep 27, 2023