

Esses dias, eu fui fazer uma viagem a trabalho e na volta perdi o voo. Andando pelo saguão do aeroporto fiquei pensando em tudo que eu poderia ter feito diferente para as coisas darem certo. Para acontecerem como o planejado. Um turbilhão de “e se". Foi então que uma parte de mim disse: o que eu tenho é o que foi, o que eu tenho é o que é agora, e a vida sempre se reorganiza no movimento. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Conheça a EBAC: https://lms.ebaconline.com.br/ https://lms.ebaconline.com.br/ CUPOM COM R$200 DE DESCONTO: NATOFERTA __ Válido para todos os cursos por tempo limitado Consulte condições de pagamento. __


Eu acho que amadurecer é também fazer as pazes com a vida prática. Dar conta de si, lembrar que a batata tá estragando na gaveta da geladeira e que a gente precisa comer mais fruta. É saber que é necessário pensar racionalmente mais vezes do que a gente gostaria porque cuidar de si é uma responsabilidade nossa. Mas eu acho acho que a gente tem que manter acessa a reivindicação do sonho. A gente precisa reivindicar o lugar do sonhar. Da beleza. Do encantamento. Das listas que só tem uma finalidade: embriagar a gente de beleza. Fazer o nosso coração quase parar de tão bonito que é aquilo que a gente tá vendo. Fazer a gente sentir - no momento presente - que a gente e a vida tá no mesmo lugar. É sobre intenção, propósito e sonho o episódio dessa semana, cê vem? Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas https://lms.ebaconline.com.br/ CUPOM COM R$200 DE DESCONTO: NATOFERTA __ Válido para todos os cursos por tempo limitado Consulte condições de pagamento. __


Era a história de uma comunidade que ficava entre duas grandes cidades. As pessoas sempre passavam por lá para chegar a algum lugar, ou para ir para algum lugar, nunca para ficar, exatamente, lá. Mas sempre tinha algum viajante que não sabia disso e decidia passar a noite ali. Logo, então, indicavam a casa de uma família, onde ele poderia se hospedar desde que contasse o que tinha visto no mundo. Era esse o acordo. Ele teria sopa, uma lareira quentinha, uma cama aconchegante, mas precisaria contar dos maiores bichos que já tinha visto, das piores e melhores noites que já tinha passado na mata, de coisas que ele tinha tremido de medo. Todas às noites, eles se reuniam em volta da lareira, comiam sopa e ouviam do que acontecia fora, e todo mundo ficava feliz, porque tanto as histórias, quanto a comida nutriam. E era essa a medida, para eles, que ali havia um encontro, Não havia desigualdade. É sobre bons encontros o episódio da semana, cê vem? edição @valdersouza identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: Financiamento Coletivo na APOIA.se | Crowdfunding Pontual e Mensal https://apoia.se/paradarnomeascoisas https://lms.ebaconline.com.br/ CUPOM COM R$200 DE DESCONTO: NATOFERTA - Válido para todos os cursos por tempo limitado - Consulte condições de pagamento.


Desde que eu me mudei de casa, eu me pego pensando no tempo em que eu vou conseguir receber meu pai prum almoço toda semana. A gente sentaria pra almoçar com calma, falaria do passado e presente, e daríamos risada, como a gente faz. É um plano importante, para mim, porque ele diz sobre a minha necessidade de estar presente. Mas corta para vida real e eu to almoçando na quinta, feliz porque sobrou arroz de segunda, e olhando pro relógio para não perder a hora de fazer a próxima coisa. E lá se vai o plano do almoço, de novo, para gaveta. Daí que nessa semana eu me dei conta de uma coisa. Almoçar toda semana é o meu jeito ideal de fazer isso. Mas não o único jeito. Muito menos o jeito possível. Com isso em mente, eu consegui pensar em outra possibilidade. Uma forma que, inclusive, atende a mesma necessidade. É sobre fazer as coisas do jeito possível o episódio dessa semana, cê vem? edição @valdersouza identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Isso não é tudo. Isso não é sobre mim. Isso também passa. Esses dias, eu me dei conta de que as frases que mais me ajudam a sair de fluxos mentais negativos começam com “i”. E é por aí que vai o episódio dessa semana. Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Isso não quer dizer que o vazio é bom. Mas quer dizer que o vazio quase sempre precede a mudança. Toda mudança nasce de um esvaziamento. Um esvaziamento de identidade, de sentido, de olhar, de crença. Era isso, para deixar algo novo vir, eu tinha que me esvaziar do que era antes. Ou de uma parte do que era antes. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Minha cabeça tava a milhão quando eu decidi sentar no sofá, de pernas cruzadas e fechar os olhos por dez minutos. Um silêncio profundo e quase palpável tomou conta de toda a minha casa. É como se tudo tivesse quieto. Como se eu pudesse ouvir direito pela primeira vez. Nessa quietude de que eu me dei conta de uma coisa muito importante. A voz crítica que tava me perseguindo - desde ontem - era minha. Só minha. Tava dentro, não fora. E essa percepção mudou tudo. edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Livros citados: Conversas Corajosas - Elisama Santos e Os quatro compromissos - Don Miguel Ruiz Música da meditação citada: https://youtu.be/ZVAIX_bDEso?si=pY3w23htbK1QUl-l


Acho que a dúvida, muitas vezes, esconde um desejo de tomar a decisão perfeita. A escolha impecável. Acontece que a vida, muitas vezes, não é uma prova de uma única alternativa certa e verdadeira, mas de várias certas e verdadeiras. Então me parece que o desafio não é escolher a melhor decisão, mas escolher aquela que a gente toleraria menos a falta causada por ela. Me vê dois Copos é o quadro quinzenal em vídeo do podcast Para dar Nome às Coisas. Você pode ver o episódio na íntegra no Spotify. edição: @amandafogaca texto e apresentação: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Na minha família tinha uma coisa que envolvia lavar a louça que sempre me tocava muito profundamente Toda vez que alguém quebrava um copo sem querer, a primeira coisa que a minha mãe fazia era recolher os cacos. Ela pegava a pá, a vassoura e começava a puxar os pedacinhos de vidro. Mesmo que a gente já tivesse quebrado muitos nos últimos meses, mesmo que só tivessem ficado dois copos de cada jogo no armário, mesmo que a gente tivesse errado na quantidade de sabão, fazendo ele escorregar, não importava a circunstância, ela sempre recolhia os cacos. Nesse gesto era como se ela tivesse falando, sem dizer, que quebrar os copos é parte do risco de quem lava a louça. Portanto, não há acusações, nem alardes. A primeira coisa a se fazer, sempre, é juntar os cacos. Depois disso, se fizer sentido, pensar no motivo de ter escapado. edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas EBAC: Cursos online com Certificado — EBAC Online https://ebaconline.com.br/ CUPOM: NAT2024 (R$200,00 de desconto) O curso que eu faço: Roteiro para Cinema, TV e Games


A real é que eu acredito que coisas boas dão trabalho muitas vezes. Muitas delas dependem de esforço, de construção, de tentativa e erro. Não tem nada de errado com isso. O problema é acreditar que para ser bom tem que ser difícil, porque aí a gente começar a se manter em situações horríveis, das quais a gente podia sair, porque tem uma lógica dizendo que quanto mais complicado, mais valor pras coisas e para gente. Tenho me repetido todos os dias, sem faltar um, que coisas boas podem e devem ser fáceis também. E é exatamente elas que eu quero. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Livro que eu cito: Sem esforço: Torne mais fácil o que é mais importante - por Greg McKeown e Beatriz Medina Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Ebac: Cursos online com Certificado — EBAC Online https://ebaconline.com.br/ CUPOM: NAT2024 (R$200,00 de desconto)


Apego é aquilo que apaga a diferença entre ocupar espaço e fazer presença. Me vê dois Copos é o quadro quinzenal em vídeo do podcast Para dar Nome às Coisas. Você pode ver o episódio na íntegra no Spotify. edição: @amandafogaca texto e apresentação: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Esses dias, enquanto eu almoçava, uma imagem me veio à cabeça. A imagem de uma piscina de prédio, aquelas que sempre lota quando tá calor. Na beirada da piscina tem um garotinho de, no máximo, sete anos. Ele tá vestido com uma sunga de super herói, com uma marca de protetor solar bem em cima dos ombros, e tá suando muito, porque tá muito calor. O menino quer muito entrar na piscina - é o que ele mais quer há dias - mas tem um problema: ele não sabe nadar e não quer usar as boias. Usar as boias é reconhecer que ele não sabe fazer aquilo. E ele não gosta de parecer que não sabe fazer as coisas. Então ele não usa as boias, nem entra na piscina. A boia é aquilo que permite ele fazer o que quer, mas exige em troca que ele reconheça que é humano. Somos todos, em alguma medida, o menino. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Episódio do Emanuel Aragão: https://youtu.be/ic_KDzQEeUw?si=xl1ZulKfdLps96Ap HIstória do Eslen Delanogare: https://youtu.be/UZj9QJZxg40?si=U7x9MPK3l7A6Es7i Ebac: https://ebac.me/ac3b1f CUPOM: NAT2024 (R$200,00 de desconto)


No fim do ano passado, eu decidi que ia aprender mais sobre organização. A ideia era organizar a minha rotina para que eu pudesse fazer um pouco mais da coisas que eu gosto, inclusive nada. Mas de repente a intenção que tinha me movido para aquele compromisso comigo mesma se perdeu e eu comecei a perseguir o modelo ideal de organização. Ou seja, me descolei do “para que” eu tava fazendo aquilo”, que era deixa minha vida mais leve, e grudei no “o que”, que era organizar. E o que era para deixar mais fácil virou o oposto. Algo muito parecido com o que tinha acontecido naquele outro ano. É por aí que vai o episódio dessa quarta-feira. (SIM, voltamos de férias, tava com saudade. <3). Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: Financiamento Coletivo na APOIA.se | Crowdfunding Pontual e Mensal https://apoia.se/paradarnomeascoisas


“Como eu faço para superar?”. Na última semana, eu recebi essa mesma pergunta, em diferentes contextos, e ela me levou para um dia em que eu tava presa num trânsito, pensando a mesma coisa. “Como eu faço para superar?” Eu queria, assim como quase todos nós, deixar aquilo que dói para trás, como quem se suspende acima da realidade. Mas precisei de um tempo a mais de vida para entender que ‘superar’ não é algo que eu faço, é algo que acontece depois que eu me coloco para atravessar. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


“Poderia falar sobre se sentir estagnado na vida? Eu vou fazer aniversário mês que vem, 33 anos, terminei recentemente um noivado, ainda moro com a minha mãe. Embora o nosso relacionamento seja incrível, meu sonho é morar sozinha. Resolvi investir num negócio assim que me formei e a instabilidade financeira deixa tudo muito difícil” Recebi essa mensagem de uma amiga de bar. Deixei ecoar por dias essa pergunta até que me senti pronta para gravar esse episódio. Te encontro amanhã na nossa mesa de bar, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Nenhuma aprovação externa vai ser suficiente se eu não concordar com ela, assim como nenhuma desaprovação pode ser tão destrutiva, quanto é quando eu concordo com ela. É sobre insegurança o “Me vê dois Copos” da vez. Episódio na íntegra no @spotify Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


A gente tava nos últimos dias de um trabalho que tinha durado um ano inteiro e pro qual eu tinha me dedicado muito. Mas ali, nas últimas semanas, eu não aguentava mais pensar naquilo, nem ver aquilo, nem opinar sobre aquilo. Eu só queria, muito, que aquilo terminasse, então eu fiz uma coisa que eu nunca tinha feito nos onze meses anteriores, eu disse: “tanto faz” para uma decisão que mudaria o rumo de tudo que eu tinha construído até ali. Na época, eu ainda não tinha construído pra mim uma imagem mental que me ajuda a não desistir, quando tudo o que eu preciso é descansar. Mas a vida é cíclica e, anos depois dessa cena, algo parecido aconteceu de novo. Eu estava quase abandonando algo muito precioso quando a imagem de uma gangorra veio na minha cabeça. Eu encontrei um novo jeito e entendi o que era preciso fazer. É sobre lembrar de descansar, sem abandonar os nossos sonhos, o episódio dessa semana. Cê bem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Episódios citados: Nomeie os seus incômodos Quando acaba a coragem Filme: Nyad (Netflix)


É a história de um elefante que aparece no meio da cidade. Ninguém nunca viu um elefante nesse lugar e o boato que tem um animal grande por ali se espalha e chega na casa de uma menina que é muito curiosa. Ela vai até lá, olha o animal, e quando chega em casa diz: 'ele tem uma barriga muito grande'. O vizinho dela faz a mesma coisa e quando chega em casa diz: 'ele tem a pata muito grande'. Duas ruas acima, uma senhora vai lá e constata: 'ele tem um rabo muito grande'. Todo mundo viu o mesmo animal, mas cada pessoa viu um pedaço diferente dele. Meu processo de entender, acolher e cuidar da minha ansiedade se parece com isso. Com uma única diferença: eu sou todas essas pessoas, a depender da fase da vida, olhando e reconhecendo mais uma parte desse bicho muito grande. Nessa fase, nesse episódio, eu te conto mais uma parte dessa minha compreensão que passa por reconhecer a ansiedade e depois mergulhar num processo de autocuidado e generosidade. edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Eu estava conversando com um rapaz sobre um livro que ele tinha lido e que quase todo mundo no meu ciclo leu também. Ele me dizia que tinha amado e me perguntou: você leu?" Eu disse que era o próximo que eu leria. Então ele falou: "tem gente que ama e tem gente que odeia. Quem não gosta, não gosta do final. Eu amo porque, sobretudo, eu entendo que aquela história é a história daquela autora. E eu acho que ela só podia tomar as decisões que eram dela, não as que eu achava que ela tinha que tomar." Essa conversa colou no meu corpo e me levou pela mão para sete anos atrás quando algo parecido aconteceu comigo. É por aí que vai a nossa mesa de bar dessa semana. Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Trilha sonora: The Wind - Cat Stevens Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


“Como lidar com a sensação de que todo mundo está avançando menos você? No fim, como lidar com a inveja?” Dia desses uma amiga nossa de bar me fez essa pergunta. E entre todas as que eu recebi nos últimos tempos foi a que eu mais gostei. Eu gosto de falar de inveja. Acho um sentimento genuíno, verdadeiro e que ensina muito quem quer aprender de si. É uma pena, só, que a gente pare na vergonha e na culpa de sentir. É uma pena que a gente tenha tanto medo dele. Reconhecer a inveja pode ser um caminho pra encontrar várias coisas escondidas dentro da gente. Há caminhos que surgem nesse momento. Não que não seja desconfortável, mas não qje não seja libertador também. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


É a história de uma mulher que, em determinado momento da vida, decide tentar realizar o sonho de ser musicista. A irmã dela, vendo esse movimento, pergunta: "mas e se você não conseguir tirar nada disso? E se o sucesso nunca vier? E se você passar a vida tentando e nada acontecer?" No que ela responde: "se você não consegue perceber o que eu já estou tirando disso nenhuma explicação será suficiente." Há algo que acontece antes do acontecimento visível. Há algo que se transforma antes do resultado concreto. Há algo que cresce antes do fim. E esse algo importa tanto quanto a própria coisa. O 'Me vê dois Copos' é um quadro em vídeo do 'Para dar Nome às Coisas'. Assista ou ouça inteirinho no @spotify edição e captação de imagem @amandafogaca texto @natyops o diálogo acima é do livro 'A grande magia' da Elizabeth Gilbert Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Teaser episódio


Eram duas pessoas sentadas numa muretinha de uma cidade praiana. Uma delas dizia que tinha terminado uma relação há algum tempo, mas ainda não conseguia fechar a porta. Aquela que existia do lado de dentro. O amigo, depois de escutar a história, tirava um bloco de notas do bolso e pedia para ela escrever tudo que estava difícil de deixar pra trás. Ela fazia. Então eles iam para casa de um deles e colocava fogo no papel. Era um ritual de despedida. Lembro de ver essa cena e primeiro achar bonito e significativo. Depois de alguns anos achar raso e superficial, porque ninguém desapega por queimar um papel. E por último achar que aquilo era a representação de um primeiro passo. Ritualizar não muda o cenário, mas muda a intenção. Muda a clareza. Eu não percebi isso vendo o filme, mas ouvindo a minha intuição que um dia - anos mais tarde - disse: “escreve uma carta e guarda no fundo da gaveta. Só abre se isso que você teme acontecer.” Naquele dia levantei do sofá com coragem. edição @valdersouza1 identidade visual @amandafogaca texto @natyops


Eu lembro da sensação de fugir do que eu tava sentindo, porque eu tinha um medo enorme de nunca mais conseguir sair daquele lugar. Corta para anos depois, e eu tô ali percebendo que, paradoxalmente, a coisa só passou quando eu fui ao encontro daqueles sentimentos, quando eu os escutei, quando eu entendi o que meu corpo tava dizendo e quando eu dimensionei o que era. Quando eu dei o devido tamanho. De tudo ficou o aprendizado que às vezes a gente foge das coisas porque acha que elas não vão passar. Vão. A vida é ciclo. A gente é ciclo. E passar por momentos ruins, não significa que a gente vai ter que morar lá. Não mesmo. É por aí que vai a nossa mesa de bar dessa semana. Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


“Não é problema meu.” Isso é uma coisa que eu tenho treinado dizer o tempo todo pra mim mesma, depois de me pegar várias vezes engajando em coisas que não fazem sentido algum no fim do dia. Sabe? Ah o que o outro disse, o que ela fez, o que fulano mostrou, aquela notícia medonha, aquela história bizarra, aquela conta no tik tok. Tanta coisa que não é problema meu, mas que eu tô lá dando minha energia, sem consciência e autonomia, e no final não sobra pros assuntos do meu cercadinho, que realmente importam, sabe? Ando treinando essa frase de saída: “não é problema meu”, para sobrar tempo e energia pro que é. Te vejo no “Me vê dois copos?” quadro em vídeo do podcast no @spotify Edição, captação e identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Recentemente, uma amiga nossa de bar me perguntou se tinha algum episódio sobre sobre criar expectativas. Ela, na verdade, me dizia que era uma pessoa que criava expectativas demais e que achava isso nem sempre bom. Respondi para ela que não lembrava de ter gravado algo nesse sentido, trocamos algumas mensagens sobre esse assunto, e levantei do sofá para fazer arroz. Acontece que na hora que o alho e cebola se juntaram no fundo da panela quente, meu corpo me transportou para os domingos dos anos 90 na casa dos meus pais. Quando minha mãe cozinhava demorado e eu ficava vidrada na frente da tevê, esperando o momento em que o Gugu, apresentador do programa da época, ia fazer aquela gincana que sempre terminava com um caminhão de brinquedos estacionado na frente do portão da pessoa. Eu sonhava que um dia isso ia acontecer lá em casa. Sonhava que um dia seria comigo. Mas nunca foi, porque eu nunca mandei a carta me inscrevendo. Ele não sabia quem eu era, eu nunca me apresentei, não tinha fio nenhum me conectando aquela possibilidade. Era só uma fantasia. E passou. Até que essa memória voltou, quando eu pensava sobre aquela mensagem que tinha chegado mais cedo e me ajudou a lembrar que é fundamental diferenciar expectativa de fantasia para gente poder se movimentar e esperar coisas boas em paz. É por aí que vai a nossa mesa de bar dessa semana. Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Dia desses eu tava lembrando de uma coisa que sempre acontecia na casa de uma amiga na adolescência. Sempre que ela ia sair e colocava uma roupa bonita, a mãe dela enfiava a mão dentro de uma gaveta da cômoda da sala e tirava de lá uma máquina de fotografar analógica. Ela pedia para minha amiga se posicionar no meio da sala e tirava uma foto, porque sabia que aquele momento era, em alguma medida, um momento especial. Um momento extraordinário. Um momento que não acontecia sempre. Anos depois, enquanto eu organizava meu guarda-roupa num sábado a noite, enquanto o bar da rua apelava com uma playlist maravilhosa, eu lembrei dessa história. E sei que lembrei porque uma parte em mim tava sentindo que tinha algo de errado com meu fim de semana. Alguma coisa errada em estar no chão, dobrando roupas, e não enfiada em alguma festa muito legal. Foi, no entanto, uma sensação que durou pouco. Porque logo lembrei da minha amiga. Lembrei daquele hábito dela de se deixar fotografar num dia que era extraordinário porque logo depois viriam dias muito comuns. Lembrei, junto com isso, de como é feita a vida: extraordinária um tanto mas infinitamente mais cotidiana do que extraordinária. E fiquei em paz com a realidade e com essa liberdade de não precisar lutar contra isso. edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas Livro/tarô citado: Palavra de Criança (Patricia Gebrim)


Dias desses, saí para tomar uma cerveja com alguns amigos uma pergunta começou rolar na mesa: “o que é inteireza para você?” Não lembro do que respondi na hora, mas se fosse hoje, certamente responderia: inteireza para mim é me permitir ser em tudo que eu sou. Me deixar ser ridícula, não admirável, tosca. Não precisa negar de mim parte alguma. Edição, captação e identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


No começo do ano, durante uma viagem de férias, eu descobri que eu amo coentro. Quero dizer, eu passei a vida inteira amando coentro, mas sem saber que o nome daquilo que eu gostava era, de fato, coentro. Fato é que eu voltei da viagem e passei a comprar coentro em quase toda minha ida ao hortifruti. E isso que poderia ser só uma experiência gastronômica, acabou virando muito mais do que isso, porque me lembrou que nomear as coisas não muda as coisas, mas muda o jeito que a gente pode se aproximar ou se afastar das coisas. Enquanto eu não sabia o nome daquilo que eu gostava, eu não podia comprar aquilo. Ou pedir aquilo. Ou me aproximar daquilo. Ou falar: “coloca mais”. O contrário também vale, também é verdadeiro, quantos pratos a gente joga fora ou quantas experiências que poderiam ser boas se tornam ruins porque a gente não sabe o nome do que incomoda, do que faz mal? Nomear é importante não para definir, mas para libertar. É por aí que vai a nossa mesa de bar, nessa quarta-feira, no @spotify Cê vem? edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


Esses dias, depois de viver uma situação em que eu topei a vulnerabilidade de peito aberto, meu inconsciente trouxe a imagem do sofá branco que tinha lá em casa. Por anos ele foi um sonho da minha mãe. Daqueles que ela ficava olhando nas revistas de móvel, enquanto juntava dinheiro pra um dia, quem sabe, ter um igual. Um dia esse grande dia chegou. Ela conseguiu entrar na loja e trazer o sofá branco para casa. Mas assim que ela segurou a porta pro montador colocar ele no meio da sala, o medo de manchar, de estragar, de perder o sofá sentou ali, com a gente, junto. Ao realizar o sonho, ao se abrir para aquela felicidade, ela também se abriu para a vida do jeito que ela é - um tanto incontrolável. E topou isso, porque minha mãe era dessas. Mas passados anos dessa memória, fiquei pensando nesse cruzamento de informações e imagens - de sofá e vulnerabilidade - que o meu inconsciente estava trazendo ao passo que eu pensava se tinha valido a pena, mesmo, assumir meu peito aberto naquele dia. Até que entendi: não existe felicidade sem vulnerabilidade. Viver aberto é ter algum nível de desconforto. Algum nível de risco. Abrir mão disso, é abrir mão, em alguma medida, da gente também. Era o que eu não queria. Fiz, então, o que eu precisava. edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas


“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”. Eu gosto muito dessa frase da Clarice Lispector. E gosto, porque ela me lembra uma conversa que eu tive com o meu sogro dias atrás sobre hortas. Sobre o processo de ter calma e generosidade ao olhar para as coisas, ao olhar para dentro, antes de decidir jogar fora. Antes de excluir o que nos disseram ser ruim. Qualidades e defeitos, muitas vezes, são a face de uma mesma moeda. E não coisas opostas. E é preciso atenção para não jogar tudo fora. Me vê dois Copos é um quadro do Para dar Nome às Coisas, em vídeo, a cada quinze dias. Os episódios tradicionais de quarta-feira seguem sendo publicados semanalmente, as quartas-feiras. edição, captação e identidade visual: @amandafogaca texto: @natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas